Cientistas americanos alertam nesta segunda-feira, na revista científica Science, sobre o maior risco de transmissão do coronavírus Sars-CoV-2 por aerossóis, que exalamos ao falar e respirar e que não são visíveis a olho nu.
Numa carta pequena, mas anunciada com destaque pela publicação, Kimberly Prather e seus colegas salientam que autoridades de saúde devem orientar a população sobre a necessidade de preferir atividades ao ar livre, melhorar a ventilação de ambientes fechados e proteger profissionais de maior risco.
Distanciamento social e máscaras ajudam, mas é preciso mais, diz a carta assinada por cientistas do Instituto Scripps e das universidades de Harvard e da Califórnia.
Quando se trata do coronavírus, tamanho faz toda a diferença. E quanto menor, pior. Eles estabeleceram como linha divisória o tamanho de 100 micrômetros ou 0,1 milímetro. Abaixo de 100 micrômetros — e não de 5 micrômetros, como diz a literatura científca — há risco de transmissão por aerossóis, afirmam Prather e colegas.
Vírus em aerossóis podem permanecer de alguns segundo a horas em suspensão (depende da circulação do ar), viajar mais longe do que dois metros e podem ser inalados. Eles enfatizam que essa é a forma mais perigosa e provável de transmissão.
— O problema são realmente as gotículas menores, que ficar em aerossol, permanecer mais tempo no ar e se acumular em lugares com pouca ventilação. Além disso, também penetram mais fundo no trato respiratório — explica Adriana Gioda, professora do Departamento de Química do CTC/PUC-Rio e que estuda propagação de gotículas e partículas.
A outra forma de transmissão é por gotas “grandes”, com mais de 100 micrômetros ou maiores. Estas não ficam muito tempo em suspensão no ar porque são “pesadas”, caem no chão em segundos a uma distância de até dois metros.
— Quando espirramos enxergamos essas gotículas, significa que elas são grandes, mas logo elas se depositam em alguma superfície próxima. Então, o distanciamento social e o uso de máscara nos protegem. Pense em alguém espirrando na sua direção. Se ficar cerca de dois metros afastado, estará a salvo — observa Gioda.