A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou, na tarde desta sexta-feira (23), a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
De acordo com a Agência, a autorização é apenas para a compra e não para a utilização. Essa segunda etapa precisa de uma nova aprovação da Anvisa após o fim da fase de testes clínicos. A previsão de chegada do material é o início de novembro deste ano.
A expectativa é que, até o fim de dezembro, o Butantan consiga produzir as outras 40 milhões de doses, já que essas 6 milhões primeiras serão 100% produzidas na China.
Ontem (22), o diretor do Butantan, Dimas Covas, denunciou que a Anvisa estaria "retardando" importação de matéria-prima da China. Mas, durante a coletiva do governo de São Paulo, realizada nesta sexta-feira (23), Covas disse que o cronograma estipulado pela gestão estadual para a produção da CoronaVac estaria mantido, independentemente de um suposto atraso da Anvisa em liberar a importação de matéria-prima da China.
Hoje (23), também por meio de nota, a Anvisa também negou que tenha atrasado o processo de liberação de insumos para a produção da Coronavac. A Agência afirmou que "foram identificadas discrepâncias" no pedido e que essas questões foram comunicadas ao Instituto Butantan.
Mais centros de pesquisa
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira (23) que o governo de São Paulo criará seis novos centros de testagem
da vacina CoronaVac, sob supervisão do hospital Emílio Ribas.
Quatro dos centros estarão em hospitais da periferia da capital, onde a taxa de contaminação é maior do que nos bairros centrais.
Além disso, outros dois centros serão criados em São Caetano do Sul, na Universidade Municipal que já possui local de testagem. "Nosso objetivo é aumentar a quantidade de voluntários para que possamos chegar mais rapidamente ao número de 61 contaminados e assim fazer a análise da vacina o mais rápido possível", afirmou Doria. O número de infectados é estabelecido pelos protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Leia na íntegra a nota da Anvisa
"A Anvisa autorizou nesta sexta-feira (23/10) a importação de 6 milhões de doses da Vacina Adsorvida Covid-19 (inativa), fabricada por Sinovac Life Sciences Co. LTD. A solicitação foi feita pelo Instituto Butantã para importação, em caráter excepcional, de vacina adsorvida covid-19 (inativa), em estudo clínico fase III, ainda sem registro no Brasil. O tema foi discutido em Circuito Deliberativo, entre esta quinta e sexta-feira (22-23/10). O Circuito Deliberativo é uma instância de votação online dos diretores da Agência. A autorização contempla o regramento de importação".
Entenda
Na terça-feira (19), o Ministério da Saúde anunciou um investimento de R$ 2,6 bilhões para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. Nas redes sociais, o governador João Doria comemorou a decisão e agradeceu ao Pazuello.
Menos de 24 horas depois, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou a decisão do ministro Eduardo Pazuello sobre a aquisição das doses.
Logo pela manhã, em suas redes sociais, o presidente já havia exposto sua insatisfação com a repercussão das negociações referentes ao acordo mediado pelo ministro Pazuello para compra da CoronaVac. Bolsonaro recebeu várias críticas de apoiadores e alguns se disseram "traídos".
Em resposta, disse que não compraria a "vacina chinesa de João Doria" e que o povo brasileiro não seria "cobaia".
Poucas horas depois, durante coletiva de imprensa, o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, negou qualquer acordo com o governo de São Paulo e disse que o que houve foi um "protocolo de intenção" assinado com o Instituto Butantan. Élcio reforçou que o governo não comprará vacinas vindas da China.