De acordo com o boletim divulgado no mesmo dia a taxa de ocupação em toda a rede SUS da capital teve lotação de 87%
Foto: Rogerio Santana/Governo do Rio de Janeiro
De acordo com o boletim divulgado no mesmo dia a taxa de ocupação em toda a rede SUS da capital teve lotação de 87%

À medida que a média móvel nos números de casos e mortes tem aumentado no Rio de Janeiro, o governo do estado e a prefeitura da capital anunciaram, nesta segunda-feira, a abertura de 214 leitos para pacientes com Covid-19.

De acordo com o boletim divulgado no mesmo dia a taxa de ocupação em toda a rede SUS da capital teve lotação de 87% (485 internados) nas vagas de UTI, onde ficam os casos mais graves, e de 70% (556 pacientes) nas enfermarias.

O infectologista da UFRJ Roberto Medronho, em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo, afirmou que o índice de ocupação na UTI acima de 90% é um sinal de alerta.

Medronho apontou que a abertura de novas vagas destinadas a pacientes com coronavírus é fundamental, no entanto, destacou ser preciso dar suporte — de pessoal, equipamento e medicamento.

— O grande problema é que o contrato das pessoas que estão lá finda no dia 31 de dezembro. Vão abrir tantos leitos e, para isso, eu vou contratar tantos profissionais, vou comprar tantos equipamentos. Então, esse plano é fundamental. Ele dá um certo refresco agora. Do jeito que estão crescendo os casos, se você olhar a evolução das solicitações na central de regulação, a gente tá aumentando muito. Então, 90% de ocupação de leito em UTI é quase a mesma coisa que dizer não há leitos de UTI porque nunca temos 100%. Porque é sempre uma entrada e saída o tempo inteiro, e aí nunca chega a 100%, 90% é um índice altíssimo.

As festas lotadas, com desrespeito às regras básicas de enfrentamento à pandemia — como uso de máscara e não aglomerar —, são tema de preocupação num momento em que há registro do aumento do número de casos e de internações.

Assim como o médico e infectologista Marcos Junqueira do Lago alertou sobre osjovens se tornarem "disseminadores do vírus", Medronho também destacou o papel que têm como vetor de contaminação, podendo afetar gerações de grupos de risco. O infectologista da UFRJ indica a suspensão de eventos com aglomerações:

— Os jovens em festas, balada, luau na beira da praia, eles se infectam e levam essa infecção para o seu lar. Normalmente, os nosso lares são multigeracionais, e ele infecta pai, mãe, tio, tia, avô, avó. E evoluem para a forma grave e internam. Então, é fundamental que neste momento, eu pessoalmente sugereria que sejam suspensos, todos esses eventos sejam absolutamente suspensos para evitar essas aglomerações.

Nesta segunda-feira (23), o estado do Rio registrouaumento da média móvel pelo 7º dia seguido. Em uma semana, foram contabilizadas 727 mortes em decorrência da Covid-19.

— Em relação aos mais de 700 (mortos), é quase três aviões por semana no estado do Rio. E a gente parece que tem uma fila de todo mundo aglomerado sem máscara para viajar no proximo avião — comparou Medronho. — Passamos por uma grande turbulência na travessia do oceano, conseguimos, estamos chegando na praia. Morreremos na praia?

Ele completou, salientando a complexidade da distribuição da vacina para então imuzinar grande parte da população e evitar o surgimento de novas ondas de contágio ou o repique de alguma:

— Ela (vacina) precisa ser produzida, ser envasada, precisa ser distribuída, precisa de agulha, de seringa. Hoje, não temos como produzir milhões de agulhas e seringas tão rapidamente. Então, é uma logística muito grande. A Anvisa aprovou hoje a vacina, então eu vou sair no dia seguinte e tomar a vacina. Não. Terá um tempo natural porque tem uma logística complexa, ainda mais num país como o nosso, para que a pessoa seja vacinada.

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