O recente aumento de casos da Covid-19 em vários estados do Brasil reforçou o alerta para uma segunda onda da doença. A proximidade das festas de fim de ano representa uma preocupação para profissionais de saúde e da ciência. Para reduzir danos e promover comemorações mais seguras, porém, existem cuidados que não devem ser ignorados.
De acordo com o médico Carlos Rodrigues de Alencar, coordenador do grupo Pardini, é importante lembrar que, na hora das festas, “cada pessoa que encontramos, especialmente sem proteção, é um risco que assumimos nesse ponto da pandemia, que está longe de estar controlada”. Nesse aspecto, ainda que os convidados - por exemplo - sejam da mesma família, apenas pessoas isoladas na mesma casa podem relaxar quanto ao distanciamento social.
Já para quem pretende fazer uma viagem, o médico afirma que a programação é possível e pode, sim, ser segura, desde que haja uma preocupação com as pessoas ao redor. “Uma família que já vive junta e não vai ter contato com outras pessoas durante a viagem vai manter o mesmo risco em casa ou na praia, desde que não participe de aglomerações”, explica. “Mas para grupos que vão se encontrar e, especialmente, tem pessoas dos grupos de risco, o ideal é que todos da viagem façam o máximo de isolamento possível antes da viagem”, diz o médico.
É importante destacar, ainda, que o ideal é evitar ambientes de embarque coletivo, como rodoviárias e aeroportos, priorizando viagens de carro entre pessoas da mesma família. O destino também deve ser considerado: dê preferência para lugares com menor fluxo de turistas, como sítio, praias afastadas e casas de campo.
Qual o período ideal de isolamento?
Segundo o profissional de saúde, o isolamento ideal seria de 14 dias, que é o tempo suficiente para que sintomas se manifestem caso o vírus esteja em período de incubação. “Quem permanecer sem sintomas durante esse período, pode viajar sem realizar o teste”, diz Rodrigues.
“Se não for possível todos ficarem isolados por tanto tempo, com um isolamento de 3 dias e posterior teste molecular (RT-PCR) é possível aumentar a segurança da viagem, mas pelas características do teste, que é um pouco menos sensível em portadores assintomáticos, a garantia de segurança não é completa”, alerta o profissional.
Países europeus determinam regras para festas de fim de ano
No Brasil, ainda não há nenhuma recomendação
oficial voltada para as comemorações de Natal e Ano Novo. Em alguns países europeus, onde a segunda onda da doença já impulsionou medidas mais duras e bloqueios, já existem normas sobre o assunto. No Reino Unido
, por exemplo, o conceito de “bolha familiar” foi usado para orientar que as festas ocorram apenas entre pessoas que vivem na mesma sala.
Já na Alemanha, os estados federais propuseram a orientação de que todas as comemorações contassem com, no máximo, 10 pessoas adultas - a regra não conta o número de crianças - que cumpririam isolamento total antes e depois das comemorações. Caso aprovada, a medida deve valer entre os dias 23 de dezembro e 1 º de janeiro de 2021.