RIO — Em meio às expectativas levantadas pela autorização da vacinação emergencial contra a Covid-19 nos Estados Unidos, o panorama no Brasil segue incerto. Em entrevista à Globo News, na manhã deste sábado, o gerente geral de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, afirmou que ainda não há solicitação para esse tipo de aplicação no país.
— Não temos nenhum pedido de autorização emergencial de nenhuma empresa até o momento. Então, não há como a Anvisa se posicionar quanto a isso ou dar uma autorização para uma vacina que não a solicitou. E essa é uma demanda que é feita pelas próprias empresas — disse.
Ele também frisou que a autorização americana não se sobrepõe a qualquer decisão a ser tomada no Brasil.
— Outra questão que perguntam muito para a gente é: "Autorizou lá nos Estados Unidos, seria uma autorização automática aqui pela Anvisa?". Um ponto que é muito importante esclarecer é que existem questões que a Anvisa precisa avaliar e que são cruciais — afirmou, citando que diferenças nos locais de fabricação das doses como fatores que podem interferir na autorização.
Mendes adiantou que a agência já se estruturou para não ter que esperar necessariamente pelo registro completo de uma vacina para disponibilizá-la para a população:
— Para alguma população específica, tendo em vista a sua urgência e a sua suscetibilidade à doença, é possível que a Anvisa já aprove o uso emergencial aqui no Brasil. É claro que a gente leva em consideração o que outras agências já fizeram. A gente não quer fazer retrabalho aqui na Anvisa. Já estamos preparados para avaliar os pontos críticos que são específicos para o Brasil para ser o mais ágil possível.
Uma lei, publicada logo no início da pandemia, prevê a possibilidade de autorização do uso emergencial pela Anvisa em até 72 horas no caso de imunizantes contra o novo coronavírus regulamentados em grandes agências reguladoras estrangeiras. Questionado sobre a viabilidade de cumprir esse prazo, Mendes disse que a agência não tem comentado a lei ou falado de prazos. Segundo ele, tudo depende do que for apresentado pelas empresas e envolve uma análise bastante complexa.
— A gente vai ter que entender o quanto a gente vai aproveitar da análise do exterior para a nossa análise — disse. — A lei é para ser cumprida. O que a gente pretende fazer quando receber o pedido é deixar transparente sobre o que a gente precisa analisar, quão complexa é essa análise para poder deixar muito claro para a sociedade o que a gente vai fazer e quanto tempo vai levar", afirmou.