Por falta de testes, crianças e adolescentes têm sido excluído de campanhas de vacinação pelo mundo. Agora, a vacina de Oxford começará a ser testada especificamente neste público, o que permitirá entender se a resposta produzida pelo imunizante também é robusta mesmo em menores de idade.
Os estudos começarão ainda no mês de fevereiro, e os pesquisadores esperam reunir 300 participantes, com idades variando entre 6 e 17 anos.
Entre esses 300, espera-se que 240 realmente recebam o imunizante, enquanto o restante receberá uma vacina contra meningite, que tem servido como o placebo nos estudos da vacina de Oxford. A escolha por um outro imunizante se dá porque ele proporciona efeitos colaterais similares, minimizando o risco de que os voluntários descubram a qual grupo pertencem.
Será o primeiro ensaio clínico realizado para avaliar segurança e imunogenicidade de vacinas contra Covid-19 em participantes tão jovens. Outros estudos já foram realizados com menores de idade, mas a idade mínima nunca foi além dos 12 anos.
Crianças estão longe de ser prioridade neste momento da vacinação. Com doses escassas, o mundo, com raras exceções, está imunizando primeiro idosos, que são os que mais morrem por Covid-19, e profissionais de saúde, estratégicos no combate à pandemia. Casos de crianças e adolescentes com complicações pela doença ainda são raríssimos.
Também não há dados que comprovem que nenhuma das vacinas já em uso é capaz de reduzir a transmissibilidade do vírus. Os estudos conduzidos até o momento serviram para demonstrar a redução no risco de desenvolvimento da doença e suas complicações, mas ainda existe o risco de que o vírus se replique nas vias aéreas de quem se contaminou. Assim, não se sabe se a vacinação de crianças teria impacto para conter a propagação do coronavírus.
Os resultados podem ter implicações para a campanha de vacinação brasileira, já que a vacina de Oxford é uma das que está em uso no país, com previsão de produção em grande escala pela Fundação Oswaldo Cruz ao longo do ano.
A expectativa é de que mais fabricantes comecem a testar suas vacinas com crianças, como relata o site The Guardian . Segundo Jonathan Van-Tam, vice-diretor médico da Inglaterra, a expectativa é de que algum imunizante já esteja licenciado para uso pediátrico até o fim do ano.