Um novo estudo publicado na quarta-feira (24) demonstra resultados bastante animadores sobre a utilização da BNT162b2, a vacina da Pfizer/BioNTech no combate à Covid-19 . Os dados reforçam uma efetividade superior a 90% após a segunda dose no mundo real, e não mais apenas em ensaio clínico controlado.
O estudo, divulgado no New England Journal of Medicine, acompanhou quase 1,2 milhão de pessoas, divididas entre o grupo que se vacinou contra Covid-19 e quem não foi imunizado, incluindo todas as faixas etárias, indo desde adolescentes com 16 anos até idosos com mais de 80.
A observação do gráfico abaixo já fornece um panorama forte do quão protetora a vacina se mostrou. As linhas azuis (vacinados) e vermelhas (e não vacinados) começam a se separar a partir do dia 14 da primeira dose, quando o corpo já produziu resposta imune. A linha azul praticamente para de subir a partir do dia 28, quando o organismo já recebeu a segunda dose.
Vacina da Pfizer: o tempo é aliado
O estudo permitiu acompanhar a efetividade da vacina da Pfizer em três intervalos: entre 14 a 20 dias após a primeira dose, entre os dias 21 e 28 e após 7 dias da segunda dose.
Na primeira fase, a vacina demonstrou efetividade de 46% contra infecções documentadas, 57% contra casos sintomáticos, 74% contra hospitalização, 62% contra casos severos e 72% contra morte.
Já no segundo intervalo, entre 21 e 27 dias, os resultados já são mais robustos. O resultado de efetividade contra infecções documentadas foi de 60%, 66% contra Covid-19 sintomática, 78% contra hospitalizações, 80% contra casos severos e 84% contra mortes.
No acompanhamento final, após 7 dias da segunda dose, é quando a vacina se destaca. Foi aferida uma efetividade de 92% contra infecções documentadas, 94% contra casos sintomáticos, 87% contra hospitalização, 92% contra casos severos. Não houve dados suficientes para calcular a proteção contra morte.
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Também é importante observar que esses resultados da vacina da Pfizer foram alcançados em um momento em que a cepa B.1.1.7, descoberta primeiro no Reino Unido e que já se espalhou pelo mundo, se mostrou dominante em Israel, responsável por 80% dos casos no país. Estima-se que a variante seja mais transmissível do que o vírus original e outras mutações mais comuns que circularam durante a maior parte de 2020, potencialmente sendo até mesmo mais letal , e ainda assim a vacina se mostrou protetora.
Os pesquisadores notam, no entanto, que a variante B.1.351, descoberta na África do Sul, não é comum em Israel, o que não permitiu que ela entrasse no estudo da vacinação em massa no país. A cepa é considerada especialmente preocupante por ter demonstrado maior resistência a vacinas e a imunidade prévia por infecção em ensaios clínicos.
Brasil e Pfizer vivem imbróglio
Nesta semana, a CNN Brasil noticiou que a empresa ofereceu ao país 100 milhões de doses do imunizante. Apesar da oferta, as negociações estão travadas. Nesta segunda-feira (22), a empresa informou que não aceita os termos impostos pelo governo brasileiro para realizar a venda.
Os termos que causaram desconforto com o governo são o fato de que a Pfizer quer a isenção de responsabilidade em caso de complicações por efeitos adversos da vacina se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceder a permissão de uso no país, seja por registro definitivo, seja apenas para uso emergencial.
Além disso, a companhia também exige que possíveis conflitos sejam resolvidos em uma Corte Arbitral em Nova York e que ativos do governo federal no exterior sejam usados como garantia de pagamento e que seja constituído um fundo garantidor com conta no exterior.
Em reunião com senadores, a Pfizer informou que as cláusulas colocadas no contrato não são uma invenção da companhia, mas sim exigências comuns de várias farmacêuticas, seguindo um padrão internacional.