Em nova coletiva de imprensa, realizada hoje (26), pelo governo de São Paulo, o coordenador-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 em SP, João Gabbardo, disse que o sentimento após um ano do primeiro caso da doença no Brasil é de "tristeza e indignação".
"Esse dia é muito significativo, um ano atrás, nós estávamos fazendo a primeira coletiva no Ministério da Saúde para anunciar a confirmação do primeiro caso de São Paulo. Eu sinto hoje um misto de sentimentos, tristeza e indignação. Tristeza porque um ano depois de anunciar o primeiro caso, nós tenhamos mais de 250 mil pessoas
que foram à óbito. Indignação pelas pessoas que nesse período tentam minimizar a gravidade da situação e tentam encontrar soluções mágicas. Principalmente porque nós ficamos aqui nas últimas semanas pedindo para que as pessoas não fizessem aglomerações no final do ano, nas praias e no período de Carnaval", lamentou o especialista.
Gabbardo destacou ainda que as pessoas que não levaram a sério as recomendações e "riram" são responsáveis pelos números atuais. "Eu acho que essas pessoas deveriam, além de serem punidas com multas e prisões, deveriam receber uma punição de um serviço comunitário. Essas pessoas deveriam durante uma semana dentro de um hospital que atende pessoas com Covid-19", disse.
Doria também fez novos ataques ao presidente
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após o chefe do Executivo nacional ter questionado a efetividade do uso de máscaras
como forma de evitar a propagação do coronavírus em uma live nas redes sociais ontem.
"Uma mensagem clara e direta a quem não ajudou, não teve compaixão e capacidade de compreender gravidade dessa crise, porque não quis, porque colocou ideologia, interesses partidários, pessoais, mórbidos: não foi uma gripezinha, não foi um 'resfriadozinho'. Foi a mais grave crise de saúde do país, que vive momento de agravamento", afirmou Doria em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.
Rede privada próxima da lotação
As mudanças ocorrem após as regiões apresentarem piora nos indicadores de Covid-19. São Paulo registrou lotação recorde em hospitais privados e públicos da capital paulista.
O estado de São Paulo voltou a registrar números negativos quanto à taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por conta da piora no quadro geral de internações e óbitos por Covid-19, o estado decretou a volta da região da Grande SP para a fase laranja do Plano SP.
Os números altos são registrados também na rede privada. Segundo dados do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), 72% dos hospitais particulares de São Paulo estão com ocupação entre 80% e 100%.
No Hospital Israelita Albert Einstein, a taxa total de ocupação era ontem de 99% e no Sírio Libanês, de 96%. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a taxa de ocupação de UTI para covid está em 91%.
No Beneficência Portuguesa (BP), a taxa de ocupação dos leitos de internação para infectados pelo vírus estava em 94% na quarta-feira, e era de 97,87% nas UTIs. Ontem, a taxa de ocupação nos leitos de UTI e enfermaria dedicados à doença no HCor era de 85% e a ocupação total, de 86%.