Aposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e motivo de viagem da comitiva brasileira ao Oriente Médio nesta semana, o spray nasal fabricado em Israel, chamado de EXO-CD24, ainda está em fase inicial de testes para o seu uso contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
A droga experimental foi desenvolvida inicialmente para combater o câncer de ovário, mas começou a ser experimentada em pacientes com situação grave de Covid-19. Os pesquisadores do Centro Médico Ichilov de Tel Aviv explicam que o objetivo do spray nasal não é combater o vírus, mas "acalmar" o sistema imunológico.
"EXO-CD24 é um spray nasal desenvolvido pelo Centro Médico Ichilov de Israel, com eficácia próxima de 100% (29/30), em casos graves, contra a Covid", publicou Bolsonaro m sua rede social no dia 15 de fevereiro. "Brevemente será enviado à Anvisa o pedido de análise para uso emergencial do medicamento", acrescentou o presidente.
Sem eficácia comprovada
A fase 1 do EXO-CD24 começou no final de setembro de 2020 e, oficialmente, será concluída apenas em 25 de março.
Em fevereiro, o governo israelense informou que, na primeira fase de testes, o spray foi testado em 30 voluntários internados em estado grave. Desse total, 29 pacientes se recuperaram em no máximo cinco dias. Apesar disso, não há ainda nenhum estudo científico publicado sobre a eficácia do EXO-CD24.
Você viu?
Os pesquisadores explicam que o medicamento atua no combate à liberação exagerada de citocinas, uma reação do sistema imune que é apontada como responsável por muitas das mortes associadas à Covid-19.
Com isso, ao usar o spray, há uma entrada de proteína CD24 no corpo, que reduz a liberação de citocinas e reduz o quadro inflamatório. Isso porque o spray nasal utiliza exossomos para carregar o CD24 até os pulmões.
Testes no Brasil
Em uma missão diplomática de três dias, o Brasil fechou um acordo com Israel para testar a segunda e a terceira fase do spray nasal. Mas, ainda não há previsão de quando os testes irão começar e nem quando ficará disponível para o uso da população.
O que se espera é que mais estudos sejam realizados para garantir que esses pacientes não se recuperariam sozinhos, mesmo se não recebessem o spray nasal.
Na fase 3 dos estudos, o spray deve ser aplicado em milhares de pessoas e outras milhares devem receber apenas um placebo, seguindo o mesmo processo das vacinas. A ideia é comparar se há uma diferença clara na evolução das pessoas de ambos os grupos que se confirma se o medicamento é ou não eficaz.
A realização dos ensaios ainda precisa ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).