O despertar de um paciente entubado oferece não apenas dores ao paciente, mas riscos à recuperação e até mesmo a possibilidade de acidentes graves. Ao perceber-se preso aos equipamentos - que possibilitam a entrada de um cano pela boca até o pulmão - o paciente tende a, muitas vezes, tentar retirar os aparelhos que permitem sua respiração.
Ao portal Uol, enfermeiros da capital paulista e do interior afirmaram que ocorrências desse tipo já acontecem entre os pacientes de Covid-19 cuja medicação precisa ser racionada. Diante da falta de insumos, profissionais de saúde reduzem a dose, que nem sempre funciona como deveria.
Embora os relatos confirmem que pacientes acordando da intubação ainda não são frequentes, todos os profissionais entrevistados pelo portal acreditam que, caso o racionamento continue, cenas do tipo podem ser contidianas.
"Os enfermeiros estão, além de exaustos e cansados, ainda mais exaustos porque não tem o que fazer. Agora, está faltando tudo. Eles estão angustiados com essa falta de insumos. Não tem a medicação, não tem oxigênio, não dá tempo de esperar leito ficar pronto que já entra outro paciente. Tudo está gerando muito sofrimento emocional. Estar em contato direto com essa situação é desesperador", disse ao Uol a coordenadora da Comissão Nacional de Saúde Mental do Cofen, Dorisdala Humerez.
Na semana passada. conselhos de diferentes estados chamaram atenção para a falta de insumos para medicação. O "kit" é formado por seis medicamentos, entre sedativos, anestesicos e bloqueadores musculares. Em agosto do ano passado, o Ministério da Saúde chegou a cancelar uma compra de alguns desses medicamentos, cujos preço estariam "acima das estimativas de mercado".