Apesar da queda no número de internações de pacientes por Covid-19, o sistema hospitalar privado do estado de São Paulo continua em colapso em razão da falta de medicamentos e estrutura para atendimento. A conclusão é de uma pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do estado (SindHosp).
Cerca de metade (49%) dos 98 hospitais consultados na pesquisa informaram que o número de pacientes com Covid-19
é superior à sua capacidade de atendimento, isto é, há fila de espera. Além disso, 57% afastaram profissionais por problema de saúde, 53% indicaram falta de médicos, e 64% registraram cancelamento de cirurgias por conta da pandemia.
A falta de insumos para o combate à pandemia preocupa as entidades. O estoque de oxigênio é suficiente para menos de uma semana em 22% dos hospitais, enquanto 5% têm estoque para uma semana, e 30%, para até dez dias. Em relação aos kits de intubação, 37% dos hospitais possuem estoque para uma semana ou menos.
Por outro lado, o sistema hospitalar vem registrando menos internações. Se em 26 de março quase todos os hospitais (99%) relataram crescimento na quantidade de internações nos dias anteriores, essa taxa caiu para 65% em 10 de abril, e agora chegou a 17%.
Em 79% dos hospitais a ocupação de suas unidades de terapia intensiva (UTI) se encontra acima de 80%. Um terço (33%) registra taxa de ocupação entre 91% e 100%. E 4% colapsaram: possuem mais de 100% de ocupação, isto é, há pessoas precisando de UTI que não podem ser atendidas.
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Os dados mostram uma melhora em relação à última pesquisa, de 10 de abril, quando 65% dos hospitais tinham taxa de ocupação de UTI entre 91% e 100%.
O presidente do sindicato, Francisco Balestrin, associa a queda no número das internações à menor circulação de pessoas nas ruas e se diz preocupado com o ritmo da vacinação. Os hospitais continuam no limite e sem condições de receber mais pacientes, segundo ele.
"Com menos vacinas, haverá mais demora para vacinarmos toda a população. Precisamos de tempo para reorganizar o sistema de saúde, repor estoques e organizar a mão-de-obra", afirmou em nota.
Os 98 hospitais privados que participaram da pesquisa contam com 9.338 leitos clínicos e 4.242 leitos de UTI. A capital paulista abriga 38% dos estabelecimentos.