Apesar da comemoração especial, médicos ouvidos pelo iG acreditam que assim como após o Natal e o Ano Novo de 2020, as aglomerações no próximo domingo podem gerar um novo pico da doença no Brasil
Foto: Gerd Altmann/Pixabay
Apesar da comemoração especial, médicos ouvidos pelo iG acreditam que assim como após o Natal e o Ano Novo de 2020, as aglomerações no próximo domingo podem gerar um novo pico da doença no Brasil

No próximo domingo (9), data em que é celebrado o Dia das Mães, muitos brasileiros pretendem reencontrar a família, seja para um almoço mais rápido ou uma visita no fim de semana. Apesar da comemoração especial, médicos ouvidos pelo iG acreditam que, assim como o ocorrido após o Natal e o Ano Novo de 2020, poderá haver um novo aumento de casos da doença por conta dessas aglomerações.

A médica infectologista Claudia Maruyama, do Hospital San Gennaro, explica que sempre após feriados há o aumentos de casos da doença por causa das aglomerações. "Vimos que com os encontros de fim de ano, o vírus pode aumentar a sua circulação e assim propiciar o aumento das variantes, e com elas a mudança do perfil dos infectados, como com a P1 que tem um maior acometimento nos mais jovens. A vacinação no Brasil ainda não atingiu a imunidade de rebanho, que é quando a gente começa a ver um resultado coletivo de redução da infecção, assim como os jovens ainda não foram vacinados. Com todo esse cenário, as aglomerações ainda não podem ocorrer de forma alguma", alerta a especialista.

Nesta últiam quinta-feira (6), o Brasil superou a triste marca das mais de 416 mil vidas perdidas e 15 milhões de diagnósticos positivos desde o início da pandemia da Covid-19. Especialistas veem uma estabilização preocupante nas últimas semanas, que inclusive indica a formação de um alto platô com números bem mais altos do que os vistos no ano passado.

Alexandre Cunha, infectologista do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, também acredita que o ideal seria evitar os encontros nesta data, mesmo que muitas mães já estejam vacinadas com as duas doses. "Quanto mais pessoas na bolha, maior é o risco. Essas visitas sendo mais frequentes podem provocar um novo pico da doença mais para frente. Se a gente comparar com os encontros no fim do ano de 2020, os dados de casos, mortes e internações eram menores e a circulação do vírus também. Então, apesar de haver um descenso do número de casos e óbitos, a gente ainda está ainda num nível bastante alto", alertou.

Como reduzir os riscos?

Do ponto de vista médico, a indicação é evitar contato próximo com pessoas que não dividam a unidade domiciliar em que você reside. Mas, se o encontro for feito mesmo diante do cenário crítico da pandemia no Brasil, há como evitar maiores riscos.

Claudia Maruyama destaca que todos os cuidados sanitários devem ser mantidos e se algum familiar tiver sintomas gripais, febre ou contato com caso suspeitos, a recomendação é que se mantenham isolados. "Para evitar maiores danos, é importante evitar aglomeração, se manter com a máscara sempre que possível, ter os ambientes bem ventilados, caso tenha refeição em família que seja com o menor número de pessoas e mesa grande. Se não for possível, que as pessoas se mantenham distantes ao comer, como deixar cada núcleo familiar em uma mesa diferente, que deixem os pratos em uma mesa e se sentem distantes e não na mesa", diz. 

Apesar dos cuidados necessários, não existe segurança 100% confiável, ainda mais porque no momento da refeição, as pessoas tiram a máscara e conversam. "Isso pode gerar muitas gotículas durante o almoço ou o jantar. Mesmo que as mães estejam vacinadas, elas ainda podem transmitir a doença e aumentar a disseminação do vírus para outras pessoas, é um risco", explica o infectologista Alexandre Cunha.

Maruyama alerta ainda que após pouco mais de um ano de convivência com o novo coronavírus (Sars-CoV-2), ainda há muitas dúvidas na comunidade científica. "O que temos certeza hoje é que a disseminação do vírus só diminui quando as medidas sanitárias são seguidas de forma correta, ou seja, higienização das mãos, uso correto das máscaras e distanciamento social", conta.

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