Ao definir o Rio de Janeiro como o "epicentro" da pandemia de Covid-19 no Brasil, durante a divulgação do 32° boletim epidemiológico da cidade, o prefeito Eduardo Paes (PSD) fez um apelo público para que o Ministério da Saúde envie doses da vacina com maior agilidade. Nesta semana, a capital parou por dois dias seguidos a aplicação da primeira dose, o que atrasou o calendário previsto por idade.
O prefeito afirmou que quer completar a imunização de toda a população adulta (a partir de 18 anos) o mais rápido possível pois vai continuar a pressionar sobre a dose de reforço para os idosos — uma terceira aplicação no esquema vacinal —, ainda sem o aval do Ministério da Saúde.
"Vou continuar cobrando publicamente. Não é aceitável que a gente viva a situação que a gente vive e não tenhamos uma operação de guerra montada. Não consigo entender, porque a logística do Ministério da Saúde é relativamente simples. Nós temos que distribuir para 290 postos, a secretaria estadual de Saúde tem que distribuir para 92 municípios. O ministério precisa distribuir pra 26 estados", afirmou Paes.
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Em sua queixa, o prefeito contemporizou, agradecendo ao governo federal pela compra das vacinas. Mas salientou o atraso nas entregas dos imunizantes, razão pela qual o Rio suspendeu a campanha de aplicação da primeira dose esta semana por dois dias seguidos.
"Agradeço ao governo federal, eles é que compram e pagam a vacina, eles é que adquiriram a vacina, palmas para eles todos, tô feliz da vida, muito obrigado. Mas entrega a porcaria da vacina. Entrega a vacina. Não vou ficar aqui com dedos. Tenho o maior respeito pelo ministro (Marcelo) Queiroga, ele tem uma relação muito gentil conosco, sei que está se esforçando. Não é uma crítica pessoal, mas, se a gente chamar atenção para isso, sabendo que tem a dose lá... Ontem os caras admitiram 9 milhões de doses estocadas. Não faz sentido isso", afirmou.
Só com imunização completa
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Incerteza no calendário
Com as doses entregues ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira, a campanha de vacinação com a injeção inicial na capital está garantida até este sábado, quando são vacinadas pessoas de 23 anos. Hoje é a vez dos moradores com 24 anos.
Já o cronograma da semana que vem ainda é incerto. Para vacinar toda a população de 22 a 18 anos e ainda assim garantir a distribuição da dose de reforço nos próximos sete dias, a cidade precisa de no mínimo 460 mil doses, segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz. A expectativa é que um aporte suficiente de vacinas seja entregue até domingo, de maneira paulatina.
"Eles devem entregar mais doses hoje, no sábado ou no domingo. Como eles recebem doses praticamente todo dia, eles deveriam entregar doses praticamente todo dia", disse Soranz.
"Uma parte dessas doses necessárias está reservada para o reforço da vacina da AstraZeneca. É muito importante que o Rio receba vacinas na proporcionalidade do que precisa. O Ministério da Saúde está recebendo um milhão de doses da vacina da Pfizer praticamente todos os dias da próxima semana. Também vai receber mais de dois milhões de doses do Instituto Butantan. Então, considerando as doses que o ministério recebe e as que ele já tem estoque, dá para a gente aplicar essas doses de maneira bem tranquila. Mas é importante que elas sejam distribuídas entre 24h e 48h depois que chegam para que a gente não atrase nosso calendário. Nosso cronograma é baseado nas entregas dos instituos produtores, que estão entregando conforme o previsto em contrato."
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Na manhã desta sexta-feira, a Secretaria estadual de Saúde anunciou que vai receber do Ministério da Saúde, ainda hoje, nova remessa de vacinas. São esperadas 308.880 doses da Pfizer e 183.750 doses de CoronaVac. Além disso, a pasta afirma que 233 mil doses da vacina AstraZeneca estão sendo separadas, nesta manhã, na Fiocruz para serem distribuídas pelo estado.
Com essas entregas, a prefeitura prevê encerrar a vacinação da população adulta até a próxima sexta-feira, com um atraso de dois dias em relação ao calendário oficial. Porém, devido à incerteza no cumprimento dos prazos de entrega por parte do Ministério da Saúde, a SMS ainda não bateu o martelo sobre as novas datas.
"A gente ia terminar na quarta-feira. Muito provavelmente, se mandarem as doses, vamos terminar só na sexta. Pedi ao Soranz que apresente, entre hoje e segunda-feira, um calendário que contemple a vacinação de adolescentes, que vamos vacinar com mais calma, com mais tempo, porque esse público geralmente não contrai casos graves. E, no Rio de Janeiro, vamos pressionar pela terceira dose para idosos. Por favor, vamos mandar a dose da vacina. Nesse momento, (a) situação (é) de guerra", disse Paes.
O maior motivo para acelerar a campanha de vacinação no Rio de Janeiro, segundo Paes, é justamente dar início à revacinação de idosos o mais cedo possível:
"A gente vai pressionar aqui no Rio pela dose de reforço. Os idosos precisam de dose de reforço. Tem muita imunização que de certa maneira já se foi. E você tem uma variante Delta dessas, a pessoa pega e o risco de ter caso grave é maior. Minha ansiedade para acabar os 18 anos é porque a gente precisa, sim, vacinar pessoas mais velhas."