Efeito Delta no Rio: Paes define estado como 'epicentro' da Covid-19 no Brasil
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Efeito Delta no Rio: Paes define estado como 'epicentro' da Covid-19 no Brasil

A cidade do Rio registrou um aumento no número de atendimentos nas redes de urgência e emergência por casos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave (SRAG), de acordo com o novo boletim epidemiológico do município, divulgado nesta sexta-feira. O indicador segue uma tendência sugerida pelo aumento no número de casos de Covid-19, anunciado na semana passada pela primeira vez após dez semanas de queda nos registros.

Em outras ocasiões, o índice de atendimentos de urgência e emergência já foi apontado pelo prefeito Eduardo Paes como o mais importante parâmetro da situação epidemiológica do município. Em virtude da nova escalada da pandemia na cidade, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, informou, na divulgação do 32° boletim epidemiológico, que o Rio de Janeiro reabriu 60 leitos de Covid-19 na última semana.

"A gente tá avançando na vacina, mas temos um aumento preocupante de casos no Rio. Estamos no meio do inverno, com uma nova variante circulando. É muito importante que as pessoas respeitem as medidas restritivas, além de usar máscara. Ainda vemos muita gente desrespeitando a norma de uso de máscara", disse Soranz.

Só no Hospital Ronaldo Gazolla, dedicado ao tratamento da doença, foram 20 leitos reconvertidos para a Covid-19. Também houve reaberturas no Souza Aguiar e no Albert Schweitzer.

"A gente observa um aumento de busca por atendimento nos últimos dias em casos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave, que é o quadro grave de síndrome gripal", afirmou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Márcio Henrique Garcia. "Observando o número de casos confirmados nas últimas cinco semanas, tivemos um aumento consistente. São casos diagnosticados de Covid, independentemente da gravidade. E, na curva de óbitos, depois de uma queda de várias semanas, temos agora uma estabilidade".

A alta no número de infecções não foi acompanhada por crescimentos na quantidade de óbitos — ao menos não ainda. Em sua fala, o prefeito Eduardo Paes destacou que o cenário epidemiológico da cidade causa preocupação.

"Ficamos muito fixados na tal média móvel de mortes, mas nós dizemos há certo tempo que ela traz uma informação atrasada. Muitas vezes ela está caindo, mas a situação está ficando mais grave. Desde o dia em que os sintomas começam até o dia em que a pessoa infelizmente vem a óbito, se passam aí uns 20 dias. A gente tem um aumento no número de casos. A boa notícia é que esse aumento bastante grande nos casos não se traduziu nos casos graves. E isso se deve obviamente a uma coisa só: a vacina. Se não fosse por ela, muitos desses casos leves virariam graves e, por consequência, virariam óbitos. Estamos torcendo que o cenário de casos graves e óbitos continue como estamos vendo aqui, mas isso não é garantido", disse.

Alto risco

Pela segunda semana consecutiva, por causa da variante Delta, todas as 33 Regiões Administrativas da cidade do Rio estão com nível alto de risco de contaminação por Covid-19. As medidas restritivas em vigor atualmente, contudo, foram prorrogadas.

Os registros da Secretaria municipal de Saúde (SMS) indicam que a nova linhagem já disputa espaço com a P1, anteriormente predominante na cidade por ampla margem. São 70 casos identificados até agora, sendo três deles graves e um óbito.

"Esses números são amostragens. Quando dizemos que temos 70 casos, temos muito mais de 70 casos", frisou Paes. "Nesse momento, o lugar com o maior número de casos no Brasil é o Rio de Janeiro. O epicentro da pandemia no Brasil nesse momento, de casos aumentando, é o Rio de Janeiro. O que aconteceu em outros momentos quando esse epicentro estava em Manaus e Rio Grande do Sul? Mandaram mais recursos. Do ponto de vista terapêutico, temos estrutura. Mas mandem mais doses para o Rio de Janeiro".

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Além das doses de vacina, Paes cobrou que o governo federal reabra leitos para a Covid-19 desativados em unidades como o Hospital de Bonsucesso.

"A Prefeitura do Rio ao longo da pandemia tem tido a grande estrutura terapêutica de leitos. Sempre abrimos mais leitos que outros níveis de governo. O federal especialmente tem muito leito fechado", disse o prefeito.

Calendário de imunização

Após a suspensão por dois dias da aplicação de primeiras doses, a Prefeitura do Rio retoma nesta sexta-feira o calendário.  Os postos vão atender mulheres de 24 anos pela manhã e homens da mesma idade à tarde. Amanhã, será a vez de quem tem 23 anos. A volta do cronograma foi garantida pela chegada ontem de 92.120 unidades de CoronaVac e 58.512 da Pfizer. As 150.632 doses da capital fazem parte de um carregamento com 390.650 unidades recebidas pelo Estado do Rio.

A segunda dose agendada e a repescagem para pessoas com mais de 45 anos, grávidas, lactantes e mulheres que tiveram bebê há até 45 dias estão mantidas.

A inconstância dos repasses de vacina tem prejudicado o planejamento da prefeitura, que já foi obrigada a suspender o calendário outras vezes. No último sábado, os postos abriram com duas horas de atraso após o recebimento das vacinas na noite de sexta-feira, remessa antes prevista para chegar ao estado na quinta-feira. A prefeitura e o governo do estado têm pedido ao Ministério da Saúde mais doses para enfrentar o avanço da Delta, variante do coronavírus mais transmissível.

PaqueTá Vacinada

O projeto PaqueTá Vacinada entra em mais uma etapa neste domingo, com a imunização contra a Covid-19 com a aplicação da segunda dose de vacina nas pessoas que moram na Ilha de Paquetá e participaram da etapa anterior. A ação faz parte de um estudo de acompanhamento dos efeitos da vacinação em massa, numa parceria entre a Prefeitura do Rio e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, 302 adolescentes foram vacinados, no dia 25 de julho, com a primeira dose do imunizante da Pfizer, único atualmente autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação nesse público. Os adultos a partir de 18 anos receberam a primeira dose do imunizante da AstraZeneca em 20 de junho.

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