O português Rogério Antonio Ventura, de 83 anos, morreu no dia 25 de abril do ano passado sem que seus familiares soubessem quem ele participou de um estudo de uso da cloroquina realizado pelo plano de saúde Prevent Senior com seus pacientes.
De acordo com reportagem da Globonews, Ventura era o paciente “192” em uma lista com 636 nomes e com dados de um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina associada à azitromicina. Os familiares só tomaram conhecimento de que ele havia participado dos testes depois de serem contados pela emissora.
Ainda segundo documentos, Ventura é um dos nove pacientes que morreram no experimento. A operadora ocultou sete óbitos. O estudo da Prevent está sendo investigado pela CPI da Pandemia, pelo Ministério Público Federal e pelo Conselho Federal de Medicina.
Ventura foi internado com “mal-estar” e não recebeu diagnóstico de Covid. Seu prontuário confirma que ele foi incluído na pesquisa sobre cloroquina. Ainda segundo o documento, ele tinha problemas cardíacos, era hipertenso e apresentou quadro de arritmia enquanto foi atendido pela Prevent Senio. Também fazia uso regular de várias medicações.
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Por causa desse histórico, não era um paciente indicado para receber a cloroquina pelos riscos do uso do remédio para o coração. De acordo com o relato de familiares, a Prevent, porém, prescreveu a medicação duas vezes num período de um mês, uma delas sem que a família ou o próprio Ventura fossem avisados.
Ventura não foi submetido a um teste para saber se de fato estava com Covid e não passou por eletrocardiograma, que é uma exigência estabelecida no próprio protocolo da Prevent quando há prescrição de cloroquina. A família diz que a Prevent nunca apresentou a ele ou aos familiares o termo de consentimento para o uso da medicação e participação do estudo.
Em nota, a Prevent Senior negou que o paciente tenha morrido de Covid-19 ou por causa dos medicamentos. "O paciente não morreu de Covid nem de efeitos colaterais medicamentosos, mas de complicações decorrentes de um enfisema pulmonar preexistente. A Prevent Senior não fez experiência científica, mas uma compilação de dados de atendimento de pacientes entre 26 de março e 4 de abril de 2020. Não houve fraude nesta compilação. A Prevent Senior não tem qualquer envolvimento com políticos ou ‘gabinetes paralelos’. Em respeito aos mais de 550 mil clientes e à sociedade, a Prevent Senior vai prestar todos os esclarecimentos sobre calúnias e fatos propositalmente distorcidos", diz a nota.