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Dois novos estudos publicados na revista científica Science nesta terça-feira apontam o mercado de Huanan, na cidade de Wuhan, na China, como o epicentro da pandemia da Covid-19.
As conclusões, de um time internacional de pesquisadores, envolveu a análise da localização e do sequenciamento genômico dos primeiros casos detectados do Sars-CoV-2, em novembro de 2019, e descartam possibilidade de o vírus ter escapado de laboratório.
“Eventos adicionais ainda são obscuros, mas nossas análises das evidências disponíveis sugerem claramente que a pandemia surgiu de infecções humanas iniciais de animais à venda no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan no final de novembro de 2019”, afirma o co-autor sênior de ambos os estudos Kristian Andersen, professor do Departamento de Imunologia e Microbiologia do Scripps Research, instituto de pesquisa nos Estados Unidos, em comunicado.
Os dados preliminares das pesquisas, não revisados por pares, já haviam sido divulgados em fevereiro, somando-se a outras evidências que descartam a hipótese de que o coronavírus tenha escapado do Instituto de Virologia de Wuhan. Agora publicados, os estudos analisaram tanto a questão geográfica da disseminação inicial do patógeno, como a transmissão de animais para humanos no estabelecimento.
No primeiro estudo, eles determinaram a localização de 155 dos 174 primeiros casos de Covid-19 registrados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em novembro de 2019. A análise mostrou que os casos se agruparam em torno do mercado de Huanan, enquanto apenas os diagnósticos posteriores se disseminaram por Wuhan, cidade chinesa de 11 milhões de habitantes.
Um dos achados dos pesquisadores foi que os primeiros pacientes com a Covid-19 que não tinham histórico de visita recente ao mercado residiam em áreas significativamente próximas ao estabelecimento, evidenciando a relação do vírus com o local.
“Houve um amplo consenso de que o mercado de Huanan era um lugar onde a propagação precoce do vírus foi amplificada, mas o que nossos dados mostram é que o mercado também foi o epicentro inicial e muito provavelmente o local de surgimento (do vírus em humanos)”, diz o também autor do estudo Joshua Levy.
Já no segundo trabalho, os cientistas analisaram o genoma dos primeiros casos da Covid-19. Eles concluíram que a pandemia – que começou com duas linhagens sutilmente diferentes do Sars-CoV-2 – provavelmente teve origem com duas infecções distintas, de animais para humanos, que ocorreram no mercado com semanas de diferença.
As duas transmissões no mesmo local reforçam que ali foi onde o vírus começou a se disseminar para a população, afirmam os cientistas. Eles não especificam, no entanto, qual espécie pode ser relacionada ao evento, mas destacam que uma série de animais vivos eram vendidos no mercado.
“Estes são os estudos mais convincentes e detalhados do que aconteceu em Wuhan nos estágios iniciais do que se tornaria a pandemia de Covid-19. Mostramos de forma convincente que as vendas de animais selvagens no mercado de Huanan, em Wuhan, estão implicadas nos primeiros casos humanos da doença”, diz Stephen Goldstein, co-autor do estudo e pesquisador no departamento de Genética Humana da Universidade de Utah, nos Estados Unidos.
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