Um levantamento produzido pelo Poder360 apontou a Covid-19 como a 4ª principal causa de mortes no Brasil no 1º semestre de 2022. A doença soma 46.000 mortes e perde apenas para os seguintes grupos de enfermidades: isquemia do coração, doenças cerebrovasculares e outras doenças cardiovasculares.
Mesmo com os números expressivos, este foi o semestre com o menor número de vítimas por Covid desde o início da pandemia. Foi realizada uma comparação entre a data real das mortes por Covid-19 nos primeiros seis meses de 2022 com a média de mortalidade no mesmo período de 2016 a 2020 de todas as causas de morte no Brasil.
Confira o ranking:
- Isquemia do coração (56,7 mil mortes)
- Doença cerebrovacular (49,7 mil mortes)
- Outras doenças cardiovasculares (49,5 mil mortes)
- Covid-19 (46 mil mortes)
- Doença na via respiratória inferior (41,3 mil mortes)
- Causa mal definida (37,8 mil mortes)
- Diabetes (32,9 mil mortes)
- Homicídio (27,3 mil mortes)
- Outros tipos de câncer (24,8 mil mortes)
- Outras doenças digestivas (21,2 mil mortes)
- Acidente de trânsito (16,1 mil mortes)
No auge da pior fase da pandemia, em março do ano passado, as mortes por Covid dispararam e podiam ser separadas das outras causas: o número de vítimas fatais da doença chegou a ultrapassar a marca de 80.000 naquele mês.
Esse total é 8 vezes o que mataram as isquemias do coração (como infarto), que sempre estiveram entre as maiores causa de mortalidade nos últimos anos.
Em janeiro de 2022, as médias de mortes nos últimos 5 anos de doenças isquêmicas do coração, cerebrovasculares (como o AVC) e outras doenças circulatórias foram menores que as da Covid - é importante considerar que elas foram as principais causas de morte em janeiro nos últimos 5 anos.
Em fevereiro o cenário se repetiu - nesse mês, também houve uma quantidade muito grande de casos e mortalidades por causa da variante ômicron: o número de mortes chegou a 19.343. Depois da explosão de casos o 1º bimestre, a covid deixou de ser a principal causa de mortalidade em março (5.388 óbitos) e teve uma queda acentuada em abril e maio, ficando abaixo de 1.500 mortes mensais.
Em junho, no entanto, mais casos começaram a surgir, e a mortalidade voltou a crescer. Os dados mais atuais do Sivep-Gripe indicam ao menos 4.311 óbitos, número que tem chances de aumentar um pouco com a revisão de casos no banco de dados. Na comparação com a média dos últimos 5 anos para o mês de junho, a estatística colocaria a covid em 7º lugar no ranking das principais causas de mortes no Brasil nesse mês.
Quanto ao número diário de mortes, é preciso se preocupar: ele está cada vez mais próximo ao patamar do início da pandemia. Mesmo com o novo aumento de casos de covid nos últimos dois meses, o crescimento dos óbitos teve menos vigor do que em outras ondas, por conta da vacinação, que ajudou a nos dar previsibilidade sobre a doença.
Entretanto, mesmo com as vacinas, o significativo número de mortes mostra que será necessário controle constante sobre o aparecimento de variantes do vírus. A vigilância sobre o aparecimento de novas cepas, a volta de medidas protetivas e controle sanitário permanecem no radar de infectologistas.
Metodologia
Os dados de mortes por data foram obtidos analisando dados do Sivep-Gripe. Os dados de causas de morte foram obtidos de 2016 a 2020 do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).
O agrupamento das causas que mais mataram nos últimos 5 anos passou a seguir os critérios mais recentes da pesquisa Global Burden Disease Study. São esses os parâmetros recomendados pela OMS e usados por especialistas em todo o mundo para reportar as maiores causas de morte.
Levantamentos anteriores levavam em conta agrupamentos mais abrangentes da divisão por grupos da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Contabilizava-se, por exemplo, a soma de mortes por todos os tipos de câncer como sendo uma das causas de mortalidade. Com a nova metodologia, não há esse e outros agrupamentos, o que leva a mudanças no ranking.
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