Covid foi a 4ª causa de mortes no Brasil no 1º semestre
James Gallagher - BBC News
Covid foi a 4ª causa de mortes no Brasil no 1º semestre

Um levantamento produzido pelo Poder360 apontou a Covid-19 como a 4ª principal causa de mortes no Brasil no 1º semestre de 2022. A doença soma 46.000 mortes e perde apenas para os seguintes grupos de enfermidades: isquemia do coração, doenças cerebrovasculares e outras doenças cardiovasculares.

Mesmo com os números expressivos, este foi o semestre com o menor número de vítimas por Covid desde o início da pandemia. Foi realizada uma comparação entre a data real das mortes por Covid-19 nos primeiros seis meses de 2022 com a média de mortalidade no mesmo período de 2016 a 2020 de todas as causas de morte no Brasil.

Confira o ranking:

  1. Isquemia do coração (56,7 mil mortes)
  2. Doença cerebrovacular (49,7 mil mortes)
  3. Outras doenças cardiovasculares (49,5 mil mortes)
  4. Covid-19 (46 mil mortes)
  5. Doença na via respiratória inferior (41,3 mil mortes)
  6. Causa mal definida (37,8 mil mortes)
  7. Diabetes (32,9 mil mortes)
  8. Homicídio (27,3 mil mortes)
  9. Outros tipos de câncer (24,8 mil mortes)
  10. Outras doenças digestivas (21,2 mil mortes)
  11. Acidente de trânsito (16,1 mil mortes)

No auge da pior fase da pandemia, em março do ano passado, as mortes por Covid dispararam e podiam ser separadas das outras causas: o número de vítimas fatais da doença chegou a ultrapassar a marca de 80.000 naquele mês.

Esse total é 8 vezes o que mataram as isquemias do coração (como infarto), que sempre estiveram entre as maiores causa de mortalidade nos últimos anos.

Em janeiro de 2022, as médias de mortes nos últimos 5 anos de doenças isquêmicas do coração, cerebrovasculares (como o AVC) e outras doenças circulatórias foram menores que as da Covid - é importante considerar que elas foram as principais causas de morte em janeiro nos últimos 5 anos.

Em fevereiro o cenário se repetiu - nesse mês, também houve uma quantidade muito grande de casos e mortalidades por causa da variante ômicron: o número de mortes chegou a 19.343. Depois da explosão de casos o 1º bimestre, a covid deixou de ser a principal causa de mortalidade em março (5.388 óbitos) e teve uma queda acentuada em abril e maio, ficando abaixo de 1.500 mortes mensais.

Em junho, no entanto, mais casos começaram a surgir, e a mortalidade voltou a crescer. Os dados mais atuais do Sivep-Gripe indicam ao menos 4.311 óbitos, número que tem chances de aumentar um pouco com a revisão de casos no banco de dados. Na comparação com a média dos últimos 5 anos para o mês de junho, a estatística colocaria a covid em 7º lugar no ranking das principais causas de mortes no Brasil nesse mês.

Quanto ao número diário de mortes, é preciso se preocupar: ele está cada vez mais próximo ao patamar do início da pandemia. Mesmo com o novo aumento de casos de covid nos últimos dois meses, o crescimento dos óbitos teve menos vigor do que em outras ondas, por conta da vacinação, que ajudou a nos dar previsibilidade sobre a doença.

Entretanto, mesmo com as vacinas, o significativo número de mortes mostra que será necessário controle constante sobre o aparecimento de variantes do vírus. A vigilância sobre o aparecimento de novas cepas, a volta de medidas protetivas e controle sanitário permanecem no radar de infectologistas. 

Metodologia

Os dados de mortes por data foram obtidos analisando dados do Sivep-Gripe. Os dados de causas de morte foram obtidos de 2016 a 2020 do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).

O agrupamento das causas que mais mataram nos últimos 5 anos passou a seguir os critérios mais recentes da pesquisa Global Burden Disease Study. São esses os parâmetros recomendados pela OMS e usados por especialistas em  todo o mundo para reportar as maiores causas de morte.

Levantamentos anteriores levavam em conta agrupamentos mais abrangentes da divisão por grupos da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Contabilizava-se, por exemplo, a soma de mortes por todos os tipos de câncer como sendo uma das causas de mortalidade. Com a nova metodologia, não há esse e outros agrupamentos, o que leva a mudanças no ranking.

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