Os anos 1980 certamente ficaram marcados por uma das maiores epidemias mundiais. O surgimento do HIV, até então desconhecido pela população civil e médica, deixou milhões de vítimas, principalmente pela falta de informação. Desde então, a busca pela cura foi iniciada e continua até hoje, mais de 25 anos depois.
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Apesar de controlado, o HIV ainda assombra as sociedades de países mais pobres e continua como a segunda doença infecciosa que mais mata no mundo, com mais de 25 milhões de vítimas e outras 40 milhões de pessoas vivendo com a infecção. Mesmo com os avanços da medicina, ainda não foi possível encontrar um caminho capaz de indicar a cura. Ou pelo menos não havia sido, até que os cientistas começaram a estudar as vacas.
Isso mesmo: vacas . A solução pode parecer um pouco inusitada, mas de acordo com uma nova pesquisa feita pela International Incident Vaccine Initiativa e pelo Scripps Research Institute, o organismo desses animais tem uma potente capacidade de neutralizar as cepas do vírus.
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Pesquisa
Um tipo de proteína do HIV foi injetado em quatro vacas. A ideia era analisar o comportamento dos animais. Em 42 dias, elas foram capazes de neutralizar 20% das célular virais. Em um ano, 96% das cepas foram anuladas.
O resultado impressionante deixou os pesquisadores surpresos. Isso porque ao ser comparado ao sistema imunológico humano, que leva de 3 a 5 anos para iniciar o processo de produção de anticorpos, as vacas conseguiram um desempenho muito mais rápido e eficiente.
Uma das explicações para esse tipo de performance por parte dos animais se dá pelo fato que o organismo bovino possui características únicas, diferente do humano, que varia muito de pessoa para pessoa.
A descoberta ainda representa um pequeno passo para o caminho da cura . Agora, a ideia é que os cientistas entendam como o sistema bovino age e porque a eliminação do vírus é tão rápida para poder estimular o organismo humano a trabalhar da mesma maneira.
Conferência
Na última segunda-feira, outros novos estudos foram apresentados na nona edição da Conferência de Investigação sobre o HIV, organizada pela Sociedade Internacional contra a Aids.
O encontro, que reuniu diversas instituições em Paris, chamou atenção para duas análises, sendo uma deles capaz de constatar que os pacientes que fazem o tratamento da doença utilizando comprimidos diários poderão conseguir o mesmo resultado tomando apenas uma injeção mensal de antirretroviral .
Outro resultado que também marcou a reunião foi o caso de uma criança, infectada pelo vírus desde o nascimento, que, como parte de um experimento, foi medicada no primeiro ano de vida e depois ficou 8 anos sem receber o tratamento e hoje encontra-se livre do HIV. A condição é rara e ainda está sendo estudada.
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