Até o momento, 14 pessoas tiveram o diagnóstico de sarampo confirmado no Rio de Janeiro, conforme informou a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Onze pacientes são capital fluminense, dois de Duque de Caxias e um de Niterói. As amostras foram analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), laboratório de referência do Ministério da Saúde.
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Segundo a Secretaria de Saúde, o Rio ainda não tem uma situação de circulação do vírus do sarampo em todo o estado. De acordo com o médico Alexandre Chieppe, da Subsecretaria de Vigilância em Saúde, 12 casos estão relacionados à primeira infecção, de uma estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"É uma situação que acende o sinal de alerta. Obviamente há uma preocupação, porque é a primeira vez, depois de 18 anos, que há diagnóstico de um caso de sarampo contraído aqui no Rio de Janeiro. Mas, de qualquer jeito, apesar de o número parecer grande, ele está ainda muito relacionado àquele primeiro caso confirmado [da estudante contaminada depois de um encontro com jovens de outros estados]", disse.
Segundo Chieppe, há outros casos suspeitos, mas, como os sintomas são parecidos com os de outras doenças, é preciso aguardar a confirmação. A proteção contra o sarampo faz parte das vacinas tríplice viral e tetra viral, disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) conforme calendário de vacinação do Ministério da Saúde para crianças entre 12 e 15 meses. O Rio de Janeiro tem 95% de cobertura vacinal para crianças de até 1 ano, embora, segundo a Secretaria, existam bolsões com déficit de vacina. Chieppe afirma que não há motivo para correria aos postos de saúde.
Devem ser vacinadas apenas as crianças a partir de 1 ano e adultos de até 49 anos que não tenham sido imunizados. Aqueles que tomaram as duas doses da vacina não precisam tomar uma nova. Embora o sarampo possa causar complicações graves, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, nas 14 ocorrências confirmadas, os sintomas do sarampo foram brandos, e os pacientes não ficaram em estado grave.
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Tira-dúvidas sobre sarampo
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O sarampo voltou?
Sim. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil vive um surto da doença, concentrado em Roraima e Amazonas, mas há dois casos confirmados no Rio de Janeiro, sete no Rio Grande do Sul, dois no Mato Grosso e um em São Paulo.
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Como posso me proteger?
A maneira mais eficaz de manter a população imune é a vacinação
. Por isso, a meta do Ministério da Saúde é imunizar 95% da população de 12 meses a 49 anos.
Outras medidas que podem ser tomadas para evitar a contaminação são: higienizar as mãos sempre antes de tocar olhos, boca e nariz, antes das refeições, e evitar espirrar e tossir nas mãos.
A circulação do vírus costuma ser maior em ambientes fechados e aglomerados, que devem ser evitados por quem não recebeu a proteção.
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Há mais de uma vacina que protege contra a doença? As duas estão disponíveis na rede pública?
Sim. Se seguir a rotina do Programa Nacional de Imunizações, crianças de 12 meses a menores de 5 anos de idade recebem uma dose da tríplice viral aos 12 meses e depois outra aos 15 meses de idade da tetra viral. Ambas estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde.
Já as crianças de 5 anos a 9 anos de idade que perderam a oportunidade de serem vacinadas anteriormente acabam recebendo duas doses da vacina tríplice viral, com um intervalo de um a dois meses.
Para quem foi vacinado, o segundo secretário da SBIm faz um alerta: “Até o ano 2000 se fazia a vacina em crianças de 9 meses. Mas o ideal é que a criança seja imunizada após os 12 meses, ou seja, quem foi protegido antes de 1 ano de idade deve buscar a vacina na rede pública, pois não é considerado adequadamente imune”.
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Adultos que não se lembram ou não têm certeza se tiveram sarampo precisam se vacinar?
Apesar de ser voltada para o público infantil, adultos e adolescentes que não receberam a vacina podem buscar a proteção nos postos de saúde gratuitamente. “Se a pessoa perdeu o comprovante da vacina e não tem certeza se tomou, o ideal é buscar a imunização. Não tem problema fazer doses a mais, caso a administração já tenha sido feita antes”, garante Juarez.
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Para os adolescentes e adultos de até 49 anos há duas recomendações, segundo o Ministério da Saúde: pessoas de 10 a 29 anos devem receber duas doses da tríplice viral, enquanto pessoas de 30 a 49 anos só recebem uma dose da tríplice viral.
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Quem tem mais de 50 anos pode tomar a vacina?
Segundo o Ministério da Saúde, mesmo se a pessoa com mais de 50 anos não tenha certeza se tomou ou não a imunização, não há necessidade de recorrer à proteção.
“Entende-se que na infância dessas pessoas, como não tinha vacina, a chance delas terem tido a doença é grande, por isso não é preciso receber a dose. Porém, a SBIm recomenda a imunização, já que não dá para ter certeza se o indivíduo teve ou não a condição”, avalia Cunha.
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Quem já se vacinou precisa tomar reforço?
Não. Segundo o Ministério da Saúde, quem comprovar a vacinação contra o sarampo conforme preconizado para sua faixa etária, não precisa receber a vacina novamente.
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E quem já teve sarampo?
Também não. Indivíduos com história pregressa de sarampo, caxumba e rubéola são considerados imunizados contra as doenças, mas é preciso certeza do diagnóstico. Na dúvida, é melhor buscar a vacinação.
“Só não vai tomar a vacina quem tiver certeza que já foi vacinado ou teve a doença. E essa certeza é comprovada pelo comprovante na carteira vacinal ou exames que atestam sarampo. Se a pessoa não tiver, melhor ser imunizado. Só a história de que teve a doença ou recebeu a vacina não vale”, pontuou o especialista da SBIm.
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Bebês estão sob risco da doença?
Bebês de mães que foram vacinadas já nascem com os anticorpos necessários para proteção contra o sarampo, por isso a vacina não é necessária. No entanto, em casos excepcionais de surtos, há indicação de imunizar bebês de 6 meses. No momento, essa medida não é necessária.
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Gestantes podem se vacinar?
Não. A recomendação do Ministério da Saúde é que as grávidas devem esperar para serem vacinadas após o parto.
Para quem está se planejando engravidar, é ideal ter certeza de que está protegida. Nesses casos, um exame de sangue pode dizer se a pessoa já está imune à doença. Se não estiver, a vacina pode ser tomada um mês antes da gravidez.
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Há alguma contraindicação da vacina?
“Por se tratar de uma vacina atenuada, com vírus vivos enfraquecidos, imunodeprimidos não devem receber as doses”, aconselha Cunha.
Entende-se como imunodeprimidos aqueles que estejam com a imunidade comprometida seja por alguma doença ou medicação, como pessoas com câncer que estejam recebendo quimioterapia ou que vivem com o vírus HIV.
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Quais cuidados devo ter após a vacinação?
De acordo com a SBIm, qualquer sintoma grave ou inesperado após a imunização deve ser notificado ao serviço que realizou a administração da dose. Em caso de febre, a proteção deve ser adiada até que ocorra a melhora do indivíduo.
"Compressas frias aliviam a reação no local da aplicação. Sintomas de eventos adversos graves ou persistentes, que se prolongam por mais de 24 a 72 horas (dependendo do sintoma), devem ser investigados para verificação de outras causas", complementa.
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A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo acontece de 6 a 31 de agosto, com o chamado Dia D de Mobilização Nacional agendado para 18 de agosto. Todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos devem ser levadas aos postos de saúde – mesmo que já tenham sido imunizadas anteriormente.