A partir da próxima segunda-feira (6), todas as crianças com idade entre 1 ano e 5 anos incompletos devem ser levadas aos postos de saúde de todo o País para receber as doses contra sarampo e poliomielite.
Estado de São Paulo adianta campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite
A campanha de vacinação deste ano é indiscriminada, ou seja, mesmo as crianças que já foram vacinadas contra sarampo e pólio devem comparecer às unidades para receber mais um reforço, exceto as que se vacinaram nos últimos 30 dias. Isso porque uma dose de reforço será aplicada nesse público infantil, conforme informou o Ministério da Saúde.
No caso da pólio, crianças que não tomaram nenhuma dose ao longo da vida devem receber a VIP. As que já tomaram uma ou mais doses devem receber a VOP. E, para o sarampo, todas devem receber uma dose da Tríplice Viral.
Esse tipo de campanha de reforço já estava prevista no orçamento da pasta, que afirma promover a ação de quatro em quatro anos. Contudo, dessa vez a importância da campanha é ainda maior, tendo em vista a volta da circulação do vírus do sarampo e a ameaça de poliomielite.
Para facilitar o acesso às vacinas, o governo federal também promove o Dia D de mobilização nacional, agendado para o dia 18, um sábado. Na data, mais de 36 mil postos de vacinação estarão abertos em todo o território nacional.
Mas a campanha segue até o dia 31 de agosto. A meta do Ministério da Saúde é imunizar 11,2 milhões de crianças e atingir o marco de 95% de cobertura vacinal nessa faixa etária, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a pasta, foram adquiridas 28,3 milhões de doses de ambas as vacinas – um total de R$ 160,7 milhões. Todos os estados, segundo a pasta, já estão abastecidos com um total de 871,3 mil doses da Vacina Inativadas Poliomielite (VIP), 14 milhões da Vacina Oral Poliomielite (VOP) e 13,4 milhões da Tríplice Viral, que protege contra o sarampo, a rubéola e a caxumba.
Doenças já erradicadas no Brasil voltaram a ser motivo de preocupação entre autoridades sanitárias e profissionais de saúde. Baixas coberturas vacinais, de acordo com o próprio ministério, acendem "uma luz vermelha" no país.
Até o momento, a pasta contabiliza 822 casos confirmados de sarampo – sendo 519 no Amazonas e 272 em Roraima. Ambos os estados têm ainda 3.831 casos em investigação. Casos considerados isolados foram confirmados em São Paulo (1), no Rio de Janeiro (14), no Rio Grande do Sul (13), em Rondônia (1) e no Pará (2).
Em junho, países do Mercosul fizeram um acordo para evitar a reintrodução de doenças já eliminadas na região das Américas, incluindo o sarampo, a poliomielite e a rubéola.
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile se comprometeram a reforçar ações de saúde nas fronteiras e a fornecer assistência aos migrantes numa tentativa de manter baixa a transmissão de casos. Dados do governo federal mostram que 312 municípios brasileiros estão com cobertura vacinal contra pólio abaixo de 50%.
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Sarampo não atinge meta de imunização desde 2012
Em 2017, países vizinhos sofreram com surtos da condição, principalmente a Venezuela, que deixou de imunizar a população por questões políticas e econômicas. O governo brasileiro chegou a alertar sobre o risco da doença e reforçou o aviso sobre a importância de tomar a tríplice viral, vacina contra sarampo e que protege contra outras duas doenças: caxumba e rubéola.
Oferecida gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações, a proteção deve ocorrer na infância, e em duas doses: com 12 e 15 meses. Na segunda dose, a vacina contra sarampo também protege contra a varicela, infecção viral que causa a catapora.
No entanto, a segunda dose da vacina contra sarampo não atinge a meta de 95% de cobertura vacinal desde 2012.
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Essa é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa. Complicações infecciosas contribuem para a gravidade do quadro, particularmente em crianças desnutridas e menores de um 1 ano de idade.
Os sintomas do sarampo incluem febre alta acima de 38,5°C; erupções na pele; tosse; coriza; conjuntivite; e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal, conhecidas como sinais de Koplik e que antecedem de um a dois dias antes do aparecimento da erupção cutânea.
A transmissão do sarampo acontece de quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento do exantema (erupção cutânea). O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e dois dias após o início da erupção cutânea.
Mais de 300 cidades estão sujeitas à volta da poliomielite
De acordo com relatório divulgado pelo Ministério da Saúde em junho, há alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras.
Por conta da baixa adesão à imunização, com apenas 50% das crianças vacinadas, todos os estados brasileiros possuem municípios que são considerados lugares de risco, com exceção apenas de Rondônia, Espírito Santo e do Distrito Federal.
Só em São Paulo, 44 cidades estão em alerta da doença. Municípios da Bahia e do Maranhão são os que menos imunizaram seus moradores nos últimos anos, com apenas 15% de cobertura vacinal.
A doença é prevenida por duas vacinas: a Vacina Oral Poliomielite (VOP), administrada oralmente aos 2,4 e 6 meses de vida, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos; e a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que é injetada aos 15 meses e outra aos 4 anos de idade.
Contudo, das vacinas que as crianças de dois e quatro meses devem receber, a de pólio é a única que não ultrapassa 85% de vacinados nas duas doses, conforme dados do Datasus.
Causada por um vírus que vive no intestino, o poliovírus, a poliomielite geralmente atinge crianças com menos de 4 anos de idade, mas também pode contaminar adultos.
A maior parte das infecções apresenta poucos sintomas e há semelhanças com as infecções respiratórias como febre e dor de garganta, além das gastrointestinais, náusea, vômito e prisão de ventre.
Cerca de 1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte.
Vacina é melhor forma de evitar retorno de doenças
De acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, manter a população protegida é fundamental para que o país fique livre de doenças imunopreveníveis.
“As coberturas vacinais são heterogêneas no Brasil, podendo levar à formação de bolsões de pessoas não vacinadas, possibilitando, assim, a reintrodução do poliovírus e do sarampo. O recente surto no país – em Roraima e Manaus –, evidencia nossas inadequadas coberturas vacinais e a urgente necessidade de melhoria dessas taxas”, disse Carla.
Segundo ela, o Ministério da Saúde oferece todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Calendário Nacional de Vacinação.
Atualmente, são disponibilizadas pela rede pública de saúde, de todo o país, cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos ao ano. São 19 vacinas para combater mais de 20 doenças, em diversas faixas etárias - incluindo a vacina contra sarampo e a contra pólio.
*Com informações da Agência Brasil