O número de casos confirmados de sarampo na região das Américas mais que dobrou em um mês. A informação é da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que, somente neste ano, recebeu a notificação de 5.004 casos da doença em 11 países do continente.
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“Tendo em vista a velocidade de propagação do sarampo pela região, a Opas ampliou as recomendações que já vinham sendo feitas aos países. Entre elas, aumentar a cobertura vacinal e fortalecer a vigilância epidemiológica, a fim de aumentar a imunidade da população e detectar/responder rapidamente a casos suspeitos da doença”, informou a entidade, por meio de comunicado.
De acordo com o último relatório publicado pela organização, os países com maior número de casos são Venezuela, com 3.545 notificações, incluindo 62 óbitos, e Brasil - que teve o vírus importado do país vizinho -, com 1.237 casos, incluindo seis mortes.
Além desses, Antígua e Barbuda (1), Argentina (8), Canadá (19), Colômbia (60), Equador (17), Estados Unidos (107), Guatemala (1), México (5) e Peru (4) registraram casos da doença. Até 20 de julho, os mesmos países, incluindo Brasil e Venezuela, haviam confirmado 2.472 casos.
Na nota, o organismo internacional orienta ainda que, durante surtos, seja estabelecido um manejo correto de casos intra-hospitalares para evitar a transmissão nas próprias unidades de saúde, com um fluxo adequado de pacientes para salas de isolamento – evitando o contato com outros pacientes em salas de espera e/ou locais de internação.
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Outras recomendações da Opas
- Vacinar a população para manter uma cobertura homogênea de 95% com a primeira e a segunda dose da Tríplice Viral em todos os municípios;
- Vacinar populações em risco (sem comprovação de vacinação ou imunidade contra sarampo e rubéola), como profissionais de saúde, pessoas que trabalham com turismo e transporte (hotelaria, aeroportos, motoristas de táxi) e viajantes internacionais;
- Manter uma reserva de vacinas contra sarampo e rubéola e de seringas para controle de casos importados em cada país da região;
- Fortalecer a vigilância epidemiológica para detecção oportuna de todos os casos suspeitos de sarampo e garantir que as amostras sejam recebidas por laboratórios até cinco dias após serem tomadas;
- Fornecer resposta rápida aos casos importados de sarampo, com o objetivo de evitar o restabelecimento da transmissão endêmica (que existe de forma contínua e constante dentro de uma determinada região).
- Identificar fluxos migratórios do exterior (chegada de estrangeiros) e fluxos internos (movimentos de grupos populacionais) em cada país, a fim de facilitar o acesso aos serviços de vacinação, de acordo com os calendários nacionais de imunização.
Vacinação contra sarampo não atinge meta
Há pouco uma semana do fim da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo, 5 milhões de crianças com idade entre 1 ano e 5 anos ainda precisam ser imunizadas, de acordo com o último boletim emitido pelo Ministério da Saúde. Dados desta quarta-feira (22) mostram que, até o momento, 56% do público-alvo recebeu as doses previstas. A campanha termina em 31 de agosto.
De acordo com a pasta, foram aplicadas, em todo o país, mais de 12,5 milhões de doses das vacinas contra a pólio e o sarampo – cerca de 6,2 milhões de cada uma. A meta do governo federal é vacinar pelo menos 95% das 11,2 milhões de crianças na faixa etária estabelecida, independentemente de sua situação vacinal, e criar uma barreira sanitária de proteção da população.
Para a poliomielite, crianças que ainda não tomaram nenhuma dose na vida serão imunizadas com a Vacina Inativada Poliomielite (injetável), enquanto as que já tiverem tomado uma ou mais doses receberão a Vacina Oral Poliomielite (gotinha). Quanto ao sarampo, todas as crianças devem receber uma dose da vacina tríplice viral – com exceção para as que tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias.
Segundo o ministério, entre os estados com menor cobertura na campanha, estão Rio de Janeiro, com 36,27% do público-alvo vacinado para pólio e 37,62% para sarampo, e Pará, que tem 41,04% para pólio e 41,04% para sarampo. Já os estados com melhor cobertura são Rondônia, com 88,89% para pólio e 87,42% para sarampo, e Amapá, com 82,74% para pólio e 82,58% para sarampo.
Atualmente, o país enfrenta pelo menos dois surtos de sarampo – em Roraima e no Amazonas. Até o momento, foram confirmados 1.087 casos de sarampo no Amazonas, enquanto 6.693 permanecem em investigação. Já o estado de Roraima confirmou 300 casos da doença, enquanto 67 continuam em investigação.
Há ainda casos isolados e relacionados à importação identificados nos seguintes estados: São Paulo (2); Rio de Janeiro (18); Rio Grande do Sul (16); Rondônia (1); Pernambuco (2); e Pará (2).
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O sarampo voltou?
Sim. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil vive um surto da doença, concentrado em Roraima e Amazonas, mas há dois casos confirmados no Rio de Janeiro, sete no Rio Grande do Sul, dois no Mato Grosso e um em São Paulo.
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Como posso me proteger?
A maneira mais eficaz de manter a população imune é a vacinação. Por isso, a meta do Ministério da Saúde é imunizar 95% da população de 12 meses a 49 anos.
Outras medidas que podem ser tomadas para evitar a contaminação são: higienizar as mãos sempre antes de tocar olhos, boca e nariz, antes das refeições, e evitar espirrar e tossir nas mãos.
A circulação do vírus costuma ser maior em ambientes fechados e aglomerados, que devem ser evitados por quem não recebeu a proteção.
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Há mais de uma vacina que protege contra a doença? As duas estão disponíveis na rede pública?
Sim. Se seguir a rotina do Programa Nacional de Imunizações, crianças de 12 meses a menores de 5 anos de idade recebem uma dose da tríplice viral aos 12 meses e depois outra aos 15 meses de idade da tetra viral. Ambas estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde.
Já as crianças de 5 anos a 9 anos de idade que perderam a oportunidade de serem vacinadas anteriormente acabam recebendo duas doses da vacina tríplice viral, com um intervalo de um a dois meses.
Para quem foi vacinado, o segundo secretário da SBIm faz um alerta: “Até o ano 2000 se fazia a vacina em crianças de 9 meses. Mas o ideal é que a criança seja imunizada após os 12 meses, ou seja, quem foi protegido antes de 1 ano de idade deve buscar a vacina na rede pública, pois não é considerado adequadamente imune”.
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Adultos que não se lembram ou não têm certeza se tiveram sarampo precisam se vacinar?
Apesar de ser voltada para o público infantil, adultos e adolescentes que não receberam a vacina podem buscar a proteção nos postos de saúde gratuitamente. “Se a pessoa perdeu o comprovante da vacina e não tem certeza se tomou, o ideal é buscar a imunização. Não tem problema fazer doses a mais, caso a administração já tenha sido feita antes”, garante Juarez.
Para os adolescentes e adultos de até 49 anos há duas recomendações, segundo o Ministério da Saúde: pessoas de 10 a 29 anos devem receber duas doses da tríplice viral, enquanto pessoas de 30 a 49 anos só recebem uma dose da tríplice viral.
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Quem tem mais de 50 anos pode tomar a vacina?
Segundo o Ministério da Saúde, mesmo se a pessoa com mais de 50 anos não tenha certeza se tomou ou não a imunização, não há necessidade de recorrer à proteção.
“Entende-se que na infância dessas pessoas, como não tinha vacina, a chance delas terem tido a doença é grande, por isso não é preciso receber a dose. Porém, a SBIm recomenda a imunização, já que não dá para ter certeza se o indivíduo teve ou não a condição”, avalia Cunha.
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Quem já se vacinou precisa tomar reforço?
Não. Segundo o Ministério da Saúde, quem comprovar a vacinação contra o sarampo conforme preconizado para sua faixa etária, não precisa receber a vacina novamente.
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E quem já teve sarampo?
Também não. Indivíduos com história pregressa de sarampo, caxumba e rubéola são considerados imunizados contra as doenças, mas é preciso certeza do diagnóstico. Na dúvida, é melhor buscar a vacinação.
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“Só não vai tomar a vacina quem tiver certeza que já foi vacinado ou teve a doença. E essa certeza é comprovada pelo comprovante na carteira vacinal ou exames que atestam sarampo . Se a pessoa não tiver, melhor ser imunizado. Só a história de que teve a doença ou recebeu a vacina não vale”, pontuou o especialista da SBIm.