É muito comum que a partir dos 65 anos os idosos apresentem uma diminuição do paladar e do apetite. Nesse processo natural de envelhecimento há também os problemas de dentição e com isso alguma dificuldade na mastigação. Mas assim como em qualquer idade, a alimentação para idoso, de forma correta, sem perder o prazer, é muito importante.
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“A baixa alimentação para idoso pode ocasionar carências nutricionais potencialmente relacionadas, por exemplo, à anemia, à piora da osteoporose, à perda da massa muscular e à queda do sistema imunológico”, alerta Leticia Oliveira, nutricionista responsável pela área de nutrição e dietética do Residencial Santa Cruz, moradia para pessoas com mais de 60 anos.
Para manter o apetite dos idosos em alta e não ser surpreendido com perda de peso ou falta de apetite, é importante ficar atento aos sinais e lançar mão de algumas ideias que podem contribuir por manter o interesse às refeições.
Cardápio variado e sem monotonia
É importante ter uma alimentação equilibrada, sem alimentos permitidos ou proibidos, à exceção dos casos de patologias específicas. Use e abuse de combinações de alimentos ricos em cálcio (leite e derivados), do grupo dos construtores ( carnes , leite e derivados, ovos e leguminosas) e os ricos em fibras (os integrais, frutas, verduras e legumes em geral), e aumente a variedade no dia a dia, a fim de gerar novas sensações organolépticas (dos cinco sentidos) e não deixar as refeições monótonas. Vale ressaltar que no caso das carnes, dar preferência às brancas, principalmente os peixes, pela maior concentração de ômega 3. E o consumo de fibras deve estar associado à ingestão de líquidos, principalmente água. Se não houver essa combinação, a constipação, comum entre os idosos, piorará.
Adequar a consistência das refeições ao estado geral de saúde
A consistência, apresentação e o volume das preparações ofertadas têm grande importância. Devido à falta de dentição e à utilização de próteses ou implantes, há desconforto por parte dos idosos no momento da mastigação. Alimentos mais úmidos e pastosos são melhores aceitos devido à facilidade de mastigação e deglutição. Períodos de inapetência podem ser contornados oferecendo porções menores e em maior frequência.
Sentindo o sabor
Já é possível encontrar no mercado produtos que “limpam” as papilas gustativas, estimulando a percepção de sabores. Além disso, faça uso de técnicas gastronômicas, como os fundos aromáticos e realçadores de sabor nas preparações, como limão, sachês de ervas, entre outros.
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Comer com frequência, sem exagero
A “regra” é comer quando tem fome, sem fixar horários das refeições. É importante reconhecer este momento, sem exageros ou muita restrição, sem pular ou compensar as refeições, incluindo os grupos de alimentos mencionados anteriormente. No caso dos residentes em moradias para pessoas com mais de 60 anos, é possível manter um padrão de horários, a exemplo do Residencial Santa Cruz , onde são ofertadas seis refeições por dia (café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia) e cada morador realiza as refeições de acordo com sua vontade. Nesta fase da vida, é importante respeitar os costumes, pois é muito difícil mudar um hábito de uma vida toda, seja em idosos com ou sem algum tipo de demência.
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Sódio, o vilão
Não só para idosos, mas para a população de maneira geral, deve-se ter muito cuidado com os alimentos industrializados, principalmente caldos prontos, sopas em pó, bolos e bebidas industrializadas, devido à quantidade de sódio elevada. O sódio é um conservante, por isso a maioria dos alimentos industrializados o apresenta em sua composição, inclusive os doces. As pessoas associam o sódio ao sabor salgado, mas vale lembrar que em bebidas e doces também é encontrado. Por conta do processo natural de envelhecimento, as veias e artérias ficam mais rígidas, o que aumenta a pressão dentro dos vasos sanguíneos. Desta maneira, o uso indiscriminado de altas concentrações de sódio piora este quadro, o que agrava ou leva o indivíduo à hipertensão arterial.
Beba com moderação e sem medicação
A maioria dos idosos usa algum tipo de medicação e a bebida alcóolica interfere na absorção do medicamento, potencializando ou dificultando a ação do mesmo. Atenção especial para aqueles que usam os psicotrópicos e antibióticos, cuja recomendação é não ingerir bebida alcóolica. Para os demais casos, em que há utilização de outros medicamentos, indica-se a ingestão de uma pequena dose, mas nunca junto com a administração do medicamento ou em horário muito próximo. Caso o idoso tenha dúvida, fale com o médico, que saberá orientar em relação ao devido tempo de ingestão da droga.
Tranquilidade e boa companhia
Sempre fazer as refeições em locais tranquilos, prestando atenção nos alimentos que são consumidos. Desta maneira, aumenta a percepção das sensações oferecidas pelos alimentos. O convívio social estimula a alegria, e a presença de familiares ou amigos na hora das refeições proporciona mais prazer e favorece o apetite.
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Menos líquidos
Evitar ingerir líquidos durante as refeições para que a digestão ocorra mais facilmente. Assim como toda musculatura perde força, o esfíncter entre o estômago e o esôfago também. Se o idoso tem um volume maior no estômago, a digestão será mais lenta, além disso, também há diminuição da produção de enzimas digestivas, que contribuirá para má digestão e sensação de expansão gástrica;
Boa saúde bucal
Manter a saúde bucal é muito importante, para que a mastigação de alimentos seja efetiva e ocorra melhor digestão e absorção de nutrientes.
Equilíbrio com a suplementação nutricional
Os nutrientes isolados, como ômega 3 por exemplo, se administrados em altas concentrações, podem ser tóxicos ao organismo. Qualquer tipo de suplemento alimentar, seja em pó, líquido ou em cápsulas, deverá ser prescrito por nutricionista ou médico.
“Importante lembrar que a prática de atividade física associada a uma boa alimentação para idoso são os pilares para termos melhor qualidade de vida, independente da fase que estamos”, observa Leticia Oliveira, nutricionista do Residencial Santa Cruz.