A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) perderá 301 de seus 372 médicos com a saída de Cuba do programa Mais Médicos do Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Para especialistas, a saída dos profissionais cubanos vai dificultar ainda mais o atendimento a população indígena, que já possui alguns dos piores índices de saúde do país. As informações são do jornal Folha de S.Paulo .
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Os cubanos que fazem parte do programa Mais Médicos estão em Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) espalhados por 19 estados. O Amazonas é o que tem o maior número, 78 médicos no total, seguido por Mato Grosso com 35, Pará e Roraima, ambos com 26. Um dos distritos mais afetados será o do Rio Tapajós, no oeste do Pará, onde habita a etnia mundurucu. São dez médicos cubanos e apenas um brasileiro para quase 15 mil indígenas.
A líder mundurucu, Alessandra Korap, lamentou a saída dos cubanos em sua página do Facebook. "Eles pegavam chuva e sol todos os dias, com piuns [espécie de mosquito], sem internet. Vários dias sentados nas voadeiras [lanchas], sem poder encostar as costas para descansar e muitas vezes comendo a comida a que não eram acostumados. Faziam com amor de estar ali com os pacientes. E agora?”, escreveu.
Segundo dados obtidos pela BBC , 419 crianças indígenas de até 9 anos morreram de desnutrição entre 2008 e 2014, as taxas de mortalidade infantil desta população são até 20 vezes maior do que a de crianças não indígenas. Além disso, o número representa 55% do total de óbitos por desnutrição no país durante o período, por mais que os índios sejam somente 0,4% da população.
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O governo de Cuba anunciou, na última quarta-feira (14), a saída do programa após uma decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que pretendia cortar os recursos ao governo cubano , que pega parte do salário dos médicos, e exigir uma "comprovação" da capacidade dos profissionais. O governo recusou a proposta de Bolsonaro e resolveu que todos os 8.332 médicos cubanos devem deixar o Brasil.
"Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou", informou Bolsonaro em seu twitter, após a decisão do governo de Cuba.
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