Falar sobre hemorroidas é uma questão que traz desconforto para muitas pessoas, principalmente por conta de todo o tabu que envolve o assunto. Em muitas casos, há quem sinta vergonha de discutir o tema, o que pode gerar problemas mais graves em quem não procura o tratamento adequado.
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As hemorroidas , veias que se dilatam na região anal, são divididas em internas, quando se encontram dentro do canal anal, e externas, quando há uma saliência na região anal. “À medida que essas varizes aumentam de tamanho, elas tornam-se mais perceptíveis”, explica Maristela Gomes, proctologista do Hospital Edmundo Vasconcelos.
O proctologista do Hospital São Luiz Anália Franco, Carlos André de Barros, faz um alerta importante sobre o assunto. “Não é uma doença. Todas as pessoas nascem com hemorroidas. Algumas situações levam ao adoecimento, ou seja, ou seja, à ‘doença hemorroidaria’”, explica o profissional, que aponta os motivos mais frequentes.
Conforme explica Barros, elas adoecem por conta do esforço feito para evacuar fezes endurecidas, pequenas e ressecadas. Além disso, hábitos evacuatórios incorretos, como permanecer muito tempo no vaso sanitário, impor horário para ir ao banheiro, fazer força para eliminar as fezes, diarreia crônica e higiene excessiva do ânus também estão entre as razões.
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Como as veias ficam maiores por conta dessas práticas e questões, Maristela aponta que muitos pacientes que antes relataram não ter nada passaram a perceber uma bolinha ou pele na região anal, principalmente no momento da evacuação. “Essa saliência posteriormente apresenta sintomas”, destaca a profissional.
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A especialista do Hospital Edmundo Vasconcelos ainda destaca que, apesar de não ter uma causa conhecida, o que se sabe é que, ao longo do tempo, essas veias que dilatam perdem a fixação na parede do reto. “Gradativamente, vão se exteriorizando, até chegar ao grau mais elevado em que não é possível regredir com a hemorroida”, aponta.
Principais sintomas das hemorroidas
Nas externas, o sintoma mais frequente é a inflamação na saliência com desconforto e um inchaço marcante, chamada de trombose hemorroidaria. “Nesse caso, alguns fatores podem desencadear esse indício: o simples ato de passar o papel higiênico, uma evacuação mais endurecida ou uma diarreia”, destaca Maristela.
Quando isso acontece, a pessoa realmente queixa-se de dor, principalmente nas primeiras 48 horas. “Mas, como é um processo agudo, com o tratamento ou passar das horas, essa dor some e a veia que estava inflamada e com coágulo acaba sendo reabsorvida e voltando ao estágio anterior, que era somente uma bolinha ou pele”, completa a profissional.
A proctologista ainda salienta que a dor só acontece quando há inflamação. Caso sinta em outros momentos, é importante investigar, pois pode ser alguma doença. Outro sinal comum é a dificuldade em se limpar direito após a evacuação. Isso porque essa pelinha externa acaba acumulando fezes. A indicação, portanto, é se lavar depois, sempre que possível.
Em relação às internas, os sintomas mais comuns são sangramento e o prolapso, em que a hemorroida sai toda vez que a pessoa evacua, sendo dividida em graus. “Quando só sangra e apresenta dilatação é primeiro grau; um pouco fora do canal é segundo grau; quando fica externa e o paciente consegue retorná-la é terceiro grau e quando está toalmente exposta é o último grau”, completa.
“Na interna, contudo, o sintoma mais frequente é o sangramento, presente em todos os graus e muito característico: vermelho vivo, como se tivesse acabado de cortar, podendo ser em pingos ou até mesmo esguichos, dependendo da irritação”, acrescenta Maristela, que indica ter atenção.
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Isso porque, dependendo da idade e de outros sinais que podem estar associados, é possível que não sejam hemorroidas
, mas alguma doença. Por isso, sempre que identificar essa ocorrência é importante procurar um proctologista para fazer exames e descartar problemas mais graves, como os tumores colorretais, que surgem principalmente em pessoas acima dos 40 anos.