Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que uma mulher morre a cada 60 minutos de câncer do colo do útero no Brasil. Causado pelo papilomavírus humano (HPV), esse é um dos principais tumores malignos que acomete a população feminina. Para se ter uma ideia, estima-se que mais de 16 mil casos surgem por ano no país.
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Com esse cenário alarmante, é fundamental conhecer e prevenir o câncer do colo do útero , em que a transmissão ocorre por via sexual. Além disso, no Brasil, acredita-se que haja de nove a dez milhões de infectados pelo HPV e que, a cada ano, 700 mil novos casos ocorram – e, por isso, é importante prestar atenção em alguns pontos.
Alguns fatores de risco aumentam as chances de desenvolver a doença. segundo a especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa, Karina Tafner, são eles: início precoce da vida sexual, a grande mudança de parceiros, a presença de outras DSTs e o sistema imunológico mais fraco, tabagismo, uso prolongado de anticoncepcional, uso de DIU e histórico familiar.
Esse câncer é dividido nos seguintes tipos: carcinoma de células escamosas, que representa 70 a 80% dos casos; adenocarcinoma, de células pequenas; e o sarcoma uterino, que é um tumor formado a partir de músculos, gorduras e tecidos fibrosos, sendo que esse tipo geralmente é descoberto quando já está em um estágio avançado.
Com desenvolvimento lento, a doença pode não apresentar sintomas no início. Quando está avançada, sangramento vaginal durante a relação sexual, entre as menstruações ou após a menopausa, corrimento anormal e com coloração e odores diferentes do normal e dor na pelve durante as relações podem ocorrer.
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Em casos ainda mais avançados, os sinais são anemia devido ao sangramento anormal, dores nas pernas ou nas costas, problemas urinários ou intestinais e perda de peso não intencional. Diante disso, a melhor forma de evitar complicações mais sérias e ter mais sucesso no tratamento é detectar o câncer o quanto antes.
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Como detectar o câncer do colo do útero?
“O câncer de colo de útero em estágio inicial costuma ser rastreado periodicamente pelo ginecologista nas consultas de rotina. A melhor forma de detectá-lo precocemente ou qualquer outro problema comum de saúde feminina é indo anualmente ao ginecologista e fazendo os exames de rotina”, pontua Karina, que é ginecologista e obstetra.
Com isso, o exame de Papanicolau, realizado regularmente e periodicamente, é essencial para prevenção e rastreamento de lesões pré-cancerígenas que, quando tratadas, evitam a evolução para o câncer em questão. O teste examina a morfologia das células da mucosa do colo do útero e analisa alterações nas células cervicais, chamadas de displasia cervical.
“A displasia que se desenvolve deve-se a uma infecção causada pelo vírus do HPV, que altera de tal forma as células, que podem formar tumores benignos ou mesmo malignos. O Papanicolau também pode diagnosticar doenças sexualmente transmissíveis ou o condiloma, uma afecção que pode levar a uma doença maligna”, destaca a profissional.
Além do Papanicolau, o diagnóstico também é realizado através do exame chamado colposcopia, com realização de biópsia do colo uterino e análise do fragmento retirado. Segundo o INCA, esse exame conta com um aparelho chamado colposcópio, que é capaz de detectar lesões anormais na vagina e no colo de útero.
Para o tratamento, o médico irá avaliar caso a caso, mas podem ser realizados três tipos de procedimentos: cirurgia (tais como a criocirurgia, cirurgia a laser, conização, histerectomia, traquelectomia, extração pélvica ou dissecção dos linfonodos pélvicos), quimioterapia e radioterapia.
Afinal, como prevenir a doença?
A vacina contra o câncer do colo do útero está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ela é mais eficaz quando aplicada antes do início da vida sexual.
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Vale destacar também que o uso de preservativo durante as relações protege de forma parcial de se contagiar pelo HPV. De acordo com o INCA, o contágio ainda pode acontecer por meio do contato com a bolsa escrotal, região perineal, perianal e a pele da vulva. Mesmo assim, caso sinta algum sintoma, procure ajuda médica.