Em 2013, quando tinha apenas 18 anos, Claudyanne Lopes descobriu que estava pré-diabética durante um check up anual. Na época, ela pesava 103 kg e, desde os 16, consumia fast food, salgadinhos e frituras em excesso. Com casos de diabetes na família, o médico que lhe atendeu pediu que ela perdesse peso para evitar que se tornasse diabética tipo 2.
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Na ocasião, a carioca, que hoje tem 24, foi até uma nutricionista para saber como eliminar a obesidade e reverter o quadro de pré-diabética . “Não segui os conselhos e, em quatro meses, já estava diabética e não tinha mais reversão. Até hoje tenho o efeito sanfona das dietas que eu inicio e nunca termino”, conta.
Claudyanne ainda explica que, quando ganha mais peso, sente que os sintomas do diabetes ficam mais nítidos. “Eu urino demais, a ponto de me irritar pelo número de vezes que vou ao banheiro. Sinto sede durante o dia todo e vontade incontrolável de comer ou beber qualquer coisa que seja doce. E, algumas vezes, minha visão fica turva para enxergar algo de longe”, aponta.
Quem também desenvolveu a doença por conta da obesidade
foi Natália Oliveira, de 33 anos. “Descobri ter diabetes tipos 2
em 2015. Eu tinha 29. E os três anos anteriores ganhei mais peso que o normal. Em 2012, perdi minha mãe e o emocional foi para baixo. Ganhei uns 15 kg, mas já estava com sobrepeso”, ressalta a analista financeira, que consumia muito pão e fritura.
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Casos como os citados acima não são isolados. A prova disso é uma pesquisa que indica que a obesidade está ligada a um risco quase seis vezes maior de desenvolver diabetes tipos 2. O estudo foi apresentado no 55th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes em Barcelona, na Espanha, que contou com a cobertura do iG.
Segundo a pesquisadora Hermina Jakupović, doutoranda em genética epidemiologia na University of Copenhagen e PhD Fellow na Novo Nordisk Foundation Center for Basic Metabolic Research, a predisposição genética, a obesidade e o estilo de vida desfavorável têm um papel importante no surgimento do diabetes tipo 2, uma doença cada vez mais comum.
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Dados da Federação Internacional de Diabetes de mostram que, aproximadamente, 425 milhões de adultos, com idades entre 20 e 79 anos, vivem com diabetes no mundo. Para 2045, espera-se que haja 629 milhões de portadores. Entre os 10 países com o maior número de pessoas com a doença, o Brasil aparece em 4º lugar.
Relação entre obesidade e diabetes tipo 2
A pesquisa indica que intervenções no estilo de vida projetadas para a perda de peso , como o peso controlado e hábitos mais saudáveis, têm demonstrado retardar o aparecimento da doença em pacientes de alto risco. No entanto, os efeitos dos fatores do estilo de vida e da obesidade no risco do DM2 podem variar entre as pessoas, dependendo da variação genética.
Os pesquisadores utilizaram uma amostra com 9.556 pessoas, sendo 49,6% mulheres e 50,4% homens com idades entre 50 e 65 anos. Depois de um acompanhamento de quase 15 anos, quase metade dos participantes - 49,6% - desenvolveu diabetes tipos 2. O risco genético foi avaliado por variantes genéticas que são fortementes ligadas à doença.
Como conclusão, o estudo destaca que o efeito da obesidade no risco de desenvolver DM2 é dominante sobre os outros fatores de risco e, por isso, destaca a importância do controle do peso para prevenir que a patologia apareça. Para se ter uma ideia, 90% das pessoas com diabetes tipo 2 possuem sobrepeso ou são obesas.
Na segunda-feira (16), em um seminário promovido pela Novo Nordisk, empresa de saúde global, Ofri Mosenzon, professora de medicina da Hebrew University Medical School e da School of Public Health em Jerusalém, Israel, explicou que as pessoas com diabetes tipo 2 têm mais dificuldade de perder peso.
Na apresentação, a profissional listou algumas causas, como o fato de alguns medicamentos utilizados do tratamento favorecem o ganho de peso e a alimentação compensatória por parte do paciente que tem medo de ter hipoglicemia. Além disso, fatores metabólicos, psicológicos e comportamentais também são prejudiciais.
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Diante disso, Ofri destaca que os profissionais de saúde devem conversar sobre obesidade com seus pacientes que possuem DM2. Ela ainda aponta que os médicos devem considerar medicamentos que ajudam na eliminação do peso, como é o caso do GLP-1 RA, além de considerar remédios antiobesidade que sejam seguros e eficientes para quem tem diabetes .
*a repórter viajou a convite da Novo Nordisk