Dados da International Kidney Cancer Coalition apontam que, em todo mundo, 338 mil pessoas são diagnosticadas com câncer renal por ano. No Brasil, esse número está em torno de seis mil. Como a doença não tenha tanta incidência no País, diferente de outros tipos de tumores, muitas informações equivocadas circulam sobre a condição.
Leia também: Dez sinais importantes de que seu rim não está funcionando como deveria
Antes de tudo, é importante ressaltar que, apesar de não ser comum, o câncer renal é um tumor maligno que, se não for tratado adequadamente, pode vir a crescer. “Eventualmente, é capaz de evoluir com metástases em outros órgãos, podendo ameaçar, assim, a vida do paciente”, diz Fábio Schütz, oncologista da Beneficência Portuguesa.
Para entender melhor sobre o assunto, separamos algumas das principais dúvidas sobre o câncer de rim . Afinal, o que é mito ou verdade em relação à doença, que deve aumentar mundialmente em 22% o número de casos até 2020, segundo a European Association of Urology? Schütz lista seis questões e explica cada uma delas:
Principais dúvidas sobre câncer renal respondidas
1. Fumantes têm mais chances de ter a doença?
Verdade. Muitas pessoas associam o cigarro apenas ao câncer de pulmão, mas não é bem assim. Isso porque o tabagismo está entre os fatores de risco, assim como “hipertensão, obesidade, uso crônico de anti-inflamatórios, exposição a cádmio (elemento químico) e insuficiência renal crônica e diálise crônica”, pontua o profissional.
2. Beber água ajuda na prevenção do câncer?
Mito. Sabemos que beber água é importante para que o organismo funcione corretamente. Afinal, o líquido tem diversas funções, como diminuir inchaços, regular a temperatura corporal, melhorar a circulação sanguínea, além de contribuir para o funcionamento dos rins. No entanto, não há relação nenhuma da água com a prevenção do câncer no órgão.
3. O câncer renal é silencioso?
Verdade. O oncologista explica que os sintomas mais comuns, como dor lombar e sangramento na urina, são apresentados por menos de 10% das pessoas que possuem a condição. Além disso, os principais sinais relacionados ao câncer de rim vão depender de quão avançada está a doença no paciente.
4. A doença, muitas vezes, é diagnosticada por acaso?
Verdade. Isso porque, atualmente, de acordo com Schütz, uma grande proporção de pacientes é diagnosticada ao acaso, de fato, ao realizar exames de imagem do abdômen - ultrassom ou tomografia - por outros motivos, como dor abdominal relacionadas à apendicite, por exemplo.
Outro ponto importante é que o tumor fica localizado em uma região chamada retroperitoneal, que dificulta que o diagnóstico seja feito. Além disso, não existe um exame específico para detectar a doença. Mais de 30% dos pacientes só descobrem a condição em estágio avançado e metastático, quando o tumor já se espalhou para outras regiões do corpo.
5. Pedra no rim pode realmente virar tumor?
Mito. O profissional explica que são duas condições diferentes e uma não pode causar a outra. Entender o funcionamento dos rins é importante. Eles são dois grandes filtros de sangue do nosso organismo. Por conta disso, além da água para formar urina, eles também filtram cálcio, ácido úrico e oxalato. E nesse momento surgem as pedras.
Você viu?
Leia também: Calor aumenta risco de pedra no rim; veja como se prevenir
O surgimento das pedras acontecem porque, quando não há quantidade de água suficiente, essas partículas não conseguem se dissolver de forma natural e, dessa maneira, serem expelidas na urina. Já o câncer por sua vez, se origina a partir da proliferação de algumas células no rim, geralmente após a ocorrência de mutações genéticas que são, muitas vezes, imprevisíveis.
6. Câncer de rim é mais comum em homens mais velhos?
Verdade. “Importante enfatizar que a doença é mais comum também em homens numa proporção de 2:1 (2 homens para cada mulher), entre 50 e 70 anos de idade e negros. História familiar com casos de câncer de rim também leva a um maior risco de desenvolvê-lo”, destaca o oncologista.
Outras informações importantes sobre câncer renal
Schütz destaca que existem, basicamente, dois grandes grupos de câncer de rim. O mais comum é chamado de carcinoma de células renais, que se divide em outros subtipos. “Na maioria das vezes, quando se fala em câncer de rim, estamos nos referindo ao carcinoma de células renais tipo células claras, que é o mais comum”, pontua.
O outro grupo menos comum é o carcinoma urotelial. “Ele é, na realidade, proveniente de células de revestem a parte interna do rim que são as mesmas células presentes na bexiga (células uroteliais) e, desta maneira, é tratado de maneira semelhante ao câncer de bexiga”, destaca o oncologista.
Para prevenir a doença , é importante não fumar, controlar a hipertensão, a obesidade e o diabetes. Outro ponto fundamental é o diagnóstico e tratamento precoce para aumentar a chance de cura. “Quanto maior e mais avançado o tumor no rim, maior a chance de desenvolvimento de metástases”, alerta Schütz.
Depois que o tumor for diagnosticado, o tratamento consiste em procedimento cirúrgico no rim. “Esta cirurgia pode ser realizada com a retirada de todo o órgão ou com a retirada apenas de parte do rim quando possível. Isso vai depender da localização do tumor e do tamanho”, explica o profissional.
Quando há metástases disseminadas em outros órgãos, normalmente é necessário também a realização de tratamentos sistêmicos que visam a controlar a evolução da lesão tumoral que se formou a partir da outra. Schütz diz que, atualmente, o tratamento mais moderno para estes pacientes envolve uma combinação de dois imunoterápicos: nivolumabe e ipilimumabe.
Leia também: Homem com doença renal policística bate recorde de maiores rins do mundo
Além dessa opção, é possível tratar o câncer renal com uma combinação de imunoterapia com outras medicações que controlam o crescimento de vasos sanguíneos para os tumores (pembrolizumabe e axitinibe). “Cirurgias e/ou radioterapias também são bastante úteis para algumas situações”, finaliza o oncologista.