A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 18,6 milhões de brasileiros sofrem com algum transtorno de ansiedade, o que corresponde a 9,3% da população do país. A epidemia coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking de países com mais pessoas ansiosas. Apesar de ser necessária em alguns níveis, a ansiedade em excesso pode causar prejuízos à saúde.
Leia também: Neurocientista ensina como não deixar o estresse levar à depressão
“A ansiedade faz parte do nosso contexto de vida. Uma dose de ansiedade é necessária para nos impulsionar na vida e nos objetivos traçados. O problema é quando há um aumento do nível, que pode gerar dificuldade de foco, atenção, memória e prejudicar o desempenho”, explica Michael Zanchet, psicólogo do Kurotel.
Segundo o especialista, o transtorno tem como base a insegurança e o medo de errar. Ele explica que o primeiro passo para se libertar disso é reconhecer e desmistificar esses pensamentos, que são os gatilhos que levam ao seu desenvolvimento. “Somos passíveis de erros e não temos o controle de tudo”, alerta.
Outro ponto importante é ensinar o corpo a se desligar, com yoga, meditação e massagem. Estimular o relaxamento também é importante para aumentar a capacidade de concentração, reflexão e gerenciamento da ansiedade. Como consequência, a pessoa torna-se mais positiva no contexto de vida pessoal e profissional.
Quais as diferenças entre ansiedade e depressão?
A ansiedade e a depressão estão geralmente interligadas, mas são condições diferentes. “A maior parte das patologias psíquicas tem um foco principal, mas tem comorbidade associada. Importante diferenciar que todos temos picos de ansiedade e tristeza, não querendo dizer que temos um transtorno”, pontua Zanchet.
O psicólogo explica que um sintoma tem que ter intensidade, frequência e duração. “Duas semanas triste persistentemente sem causa aparente é um sintoma depressivo. Uma tarde triste faz parte da vida, sendo saudável a elaboração daquele sentimento, sua compreensão, para no outro dia sentir-se melhor”, afirma.
Leia também: Preconceito sobre a depressão impede que muitos busquem ajuda
A depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Os sintomas mais característicos são: tristeza, apatia, falta de interesse pelas atividades, ideias de menos valia, falta de energia, diminuição da libido, aumento do apetite ou inapetência, dificuldade de concentração, insônia ou desejo de dormir a todo momento.
Já a ansiedade, por sua vez, como falamos, tem como base a insegurança e o perfeccionismo. Nesse caso, os principais sinais apresentados pelas pessoas são: pensamento acelerado, antecipação do futuro, preocupações, insônia, falta de ar, taquicardia, sensação de sufocação e agitação motora.
Zanchet destaca que pessoas com traços perfeccionistas e com características de insegurança tendem a se frustrar com maior facilidade pelas idealizações. Com o passar do tempo, isso vai gerando um estado de fragilidade emocional. Como consequência, o paciente pode desencadear sintomas depressivos.
Você viu?
No entanto, é sempre importante destacar que é necessário que a pessoa que esteja com os sinais de ansiedade ou depressão deve procurar ajuda especializada para que os sintomas sejam analisados individualmente por um profissional. Dessa forma, será possível compreender os motivos que levaram ao transtorno e iniciar o tratamento adequado.
Síndrome de Burnout também afeta a mente
A síndrome de Burnout é um estresse ligado à vida profissional. A questão é caracterizada por um estresse crônico, com a sensação de um desgaste físico e emocional, que gera a sensação de incapacidade por conta de uma sobrecarga de tarefas. A International Stress Management Association (ISMA-BR) aponta que 32% das pessoas com síndrome têm sintomas de estresse.
O psicólogo explica que, na experiência clínica, percebe-se o relato de sintomas como incapacidade de raciocinar, lapsos de memória, cansaço constante, apatia, tristeza e ansiedade. Ao identificar os sinais mencionados, é importante buscar auxílio de psicólogos ou psiquiatras para fazer o tratamento adequado.
“Muitas vezes, é necessário o afastamento profissional para através de psicoterapia, atividades de relaxamento, exercícios físicos e alimentação saudável, se possa reajustar o organismo fisicamente e emocionalmente, melhorando os sintomas e reativando a capacidade de refletir e perceber o seu contexto de vida”, completa.
É importante descartar todas as possibilidades clínicas para estabelecer um tratamento psicológico. “Não é incomum receber pacientes, encaminhados pelo cardiologista, com todos os exames cardiológicos adequados, mas com sintomas: hipertensão, taquicardia, sensação de desmaio e insônia, provenientes do corpo somatizar questões emocionais”, diz Zanchet.
“Avaliando, muitas vezes, descobrimos que são traumas passados que a pessoa revive em outras situações e o cérebro interpreta de maneira equivocada, armando no organismo um estado de alerta e perigo”, completa.
Será que você está com algum dos transtornos?
Alguns questionamentos, preparados pelo psicólogo, servem de indicativo para refletir e pensar sobre ansiedade , depressão e síndrome de Burnout. As perguntas, no teste abaixo, são de caráter indicado e não servem como diagnóstico. Leia as questões com calma e responda de acordo com as suas experiências:
Depois de fazer o teste, além de buscar ajuda profissional, o psicólogo cita algumas orientações que ajudam no gerenciamento de todos esses sentimentos. O primeiro passo é evitar lutar contra as atividades do seu cotidiano. “O melhor caminho é planejar e organizar as suas atividades de maneira que seja respeitado o tempo para executar cada uma delas”, diz.
Ainda é recomendável buscar respeitar os seus limites e saber dizer “não” para aquilo que você não gosta ou não consegue fazer naquele momento. Também é importante equilibrar a semana com atividades de saúde (exercícios físicos, alimentação balanceada e relaxamento) e fazer um "detox digital" em alguns momentos do dia.
Pela manhã, desperte devagar e perceba a sua respiração. Alongue de maneira leve a musculatura, sinta a temperatura do dia e como está o clima. “Inclua atividades de relaxamento na sua rotina de vida, como massagem, banhos de banheira de hidromassagem, yoga e meditação, por exemplo”, completa o profissional.
Leia também: Quer um refúgio de tranquilidade? Entenda o que é meditação e como praticar
Outras dicas são:
- Desenvolver hobbies na área artística (pintura, tecelagem, jardinagem, música);
- Alimentar-se bem e devagar (fracione ao longo do dia a alimentação);
- Evitar ingerir em excesso bebidas com cafeína após às 16h;
- Não consumir bebidas alcoólicas com regularidade;
- Preservar tempo para o seu sono (dormir e acordar no mesmo horário).