Mais e mais países de baixa e média renda enfrentam desnutrição e obesidade ao mesmo tempo, aponta um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado segunda-feira (16) na revista The Lancet . "Esse duplo ônus da desnutrição pesa em mais de um terço dos países com renda baixa ou média" (em 48 de 126), alerta este relatório de quatro capítulos.

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Relatório da OMS indica que 2,3 bilhões de crianças e adultos no mundo estão com sobrepeso ou obesidade
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Relatório da OMS indica que 2,3 bilhões de crianças e adultos no mundo estão com sobrepeso ou obesidade

Essa constatação confirma as conclusões de outro relatório publicado em outubro pelo Unicef, que o limitou aos menores de idade. "Estamos diante de uma nova realidade em termos de nutrição. Não se pode mais associar os países pobres à desnutrição e aos ricos de obesidade ", diz em comunicado Francesco Branca, principal autor do relatório da OMS.

Essa mudança está ligada à rápida transição alimentar vivida nesses países. Enquanto uma parte de sua população não consome um mínimo indispensável de calorias, outra não tem esse problema, mas sua dieta é de baixa qualidade.

Essa transição é tão rápida que o mesmo indivíduo pode conhecer os dois problemas ao longo da vida, "o que aumenta os efeitos negativos para a saúde", entre eles o aumento do risco de sofrer doenças cardiovasculares, afirma a OMS .

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Segundo o relatório , 2,3 bilhões de crianças e adultos no mundo estão com sobrepeso ou obesidade, e mais de 150 milhões de crianças sofrem atraso de crescimento devido à alimentação inadequada.  Além disso, "dietas ruins são responsáveis pela morte de um adulto em cada cinco (22%) no mundo".

Mudanças sociais

"Todas as formas de desnutrição têm um denominador comum: a incapacidade dos sistemas alimentares de fornecer uma alimentação saudável, segura, duradoura e a preços acessíveis a todos", explica o Branca, diretor do departamento de Nutrição para a saúde e o desenvolvimento da OMS.

Os autores do relatório apontam as mutações conhecidas pelo sistema alimentar mundial. O acesso a alimentos e bebidas processados, ricos em açúcares, gorduras e sal, é muito mais fácil em qualquer lugar do planeta.

"O desaparecimento progressivo de locais onde alimentos frescos são vendidos, o aumento de supermercados e o controle da cadeia alimentar por multinacionais em muitos países são as principais causas", diz um dos autores, professor Barry Popkin, da Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos).

A isto se acrescenta a redução da atividade física nos países em desenvolvimento, devido à melhoria do padrão de vida.  Segundo o relatório, esse "duplo ônus da malnutrição" afeta cerca  de 35% das famílias em alguns países, com níveis particularmente altos no Azerbaijão, Guatemala, Egito, Comores ou São Tomé e Príncipe.

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Às vezes, a mesma criança pode ser obesa e ter um atraso no crescimento devido a uma dieta rica em calorias e pobre em nutrientes (por exemplo, o caso de junk food). Para reverter essa tendência, são necessárias "grandes mudanças sociais", conclui o relatório, que defende "novas políticas alimentares cujo principal objetivo é a alimentação saudável".

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