A China anunciou nesta quinta-feira (30) o balanço mais grave de mortes provocadas pelo novo coronavírus em apenas um dia, com 38 vítimas. Quase todas mortes conteceram na província de Hubei, cuja capital é Wuhan, epicentro do novo patógeno. Vale lembrar que a capital do país tem um fuso horário 11 horas à frente do Brasil.
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A preocupação mundial com a epidemia aumenta no mesmo ritmo do número cada vez maior de contágios — já são 7.805 casos na China , com 170 mortes, e 96 casos em outros 18 países; ainda não foram registrados óbitos fora do país de origem do coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde ( OMS ), que fez um apelo para que o mundo inteiro atue na questão, fará uma reunião nesta quinta-feira para determinar se a epidemia constitui uma emergência sanitária internacional.
Mais números do coronavírus na China
O número de pacientes contagiados se aproxima de 7.700 na China continental, muito acima das 5.327 pessoas infectadas em 2002 e 2003 pela SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Há quase 20 anos este coronavírus deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China.
Wuhan, uma metrópole de 11 milhões de pessoas na região central da China, está em quarentena e isolada do mundo há uma semana, assim como quase toda província de Hubei.
As 56 milhões de pessoas que vivem na área isolada, o que inclui milhares de estrangeiros, não podem sair da região.
Eventos esportivos cancelados e feriado prolongado
Wuhan, no coração da epidemia, parece uma cidade fantasma há vários dias. No restante do país, os moradores evitam frequentar shoppings, cinemas e restaurantes.
Na luta para frear a propagação do vírus, o governo chinês prolongou o recesso de Ano Novo lunar até 2 de fevereiro, com o objetivo de evitar os grandes deslocamentos de pessoas nos transportes.
O país cancelou várias competições esportivas internacionais, como as provas da Copa do Mundo de esqui alpino. Nesta quinta-feira, as autoridades anunciaram o adiamento do início da temporada 2020 de futebol.
Estrageiros repatriados
Estados Unidos e Japão foram os primeiros países a retirarem, na quarta-feira (29), parte de seus cidadãos da China. Na madrugada desta quinta-feira, um avião francês decolou com destino a Wuhan para repatriar 250 pessoas.
Outros países pretendem organizar operações similares, como Itália, Alemanha e Canadá.
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Uma aeronave com britânicos a bordo que deveria sair nesta quinta-feira de Wuhan não decolou pela falta de autorização da China. O governo do Reino Unido afirmou que espera organizar o retorno o mais rápido possível.
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Dos 195 americanos que chegaram na quarta-feira a uma base militar na Califórnia, nenhum apresentava sintomas do vírus. Todos permanecerão isolados durante 72 horas.
No Japão, porém, dos 206 repatriados três estavam infectados, somando-se aos demais oito casos já registrados previamente.
"Uma das três pessoas que apresentaram resultado positivo já desenvolveu os sintomas, mas as outras duas, não", disse o ministro da Saúde, Katsunobu Kato.
A grande maioria de contaminados está na China, mas outros 15 países também foram afetados, com quase 80 casos confirmados. Além disso, transmissões entre humanos foram registradas em três países, além da China: Alemanha, Japão e Vietnã.
"O mundo inteiro tem que atuar", advertiu na quarta-feira o diretor do programa de urgências da OMS, Michael Ryan.
Ações para tentar conter o coronavírus
Neste contexto, governos e empresas estão aumentando as medidas para tentar conter a propagação da epidemia.
Várias companhias aéreas, como a British Airways, a alemã Lufthansa, a espanhola Iberia, ou a indonésia Lion Air, suspenderam os voos para a China continental.
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Os governos de Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos recomendaram que seus cidadãos evitem viajar para o país asiático. Além disso, a Rússia anunciou que vai fechar a fronteira com a China.
Dentro e fora do país, companhias áreas também tomaram medidas emergenciais. A China Airlines, com sede em Taiwan, território reinvidicado pelo governo chinês, informou que está solicitando aos passageiros que viagem com suas próprias garrafas de bebida. Itens reutilizáveis, por sua vez, serão trocados por descartáveis.
A companhia deixou de servir refeições quentes na última segunda-feira e substituiu guardanapos de pano por lenços de papel. O fornecimento de cobertores, almofadas, toalhas, revistas e jornais também foi suspenso, enquanto fones de ouvido e bebidas só serão fornecidos quando requisitados.
Já a Cathay Pacific Airways, sediada em Hong Kong, região administrativa da China, anunciou nesta quarta-feira que toalhas quentes, cobertores e revistas não estão sendo fornecidos em voos com destino ou origem na China continental desde a última quinta-feira até segundo aviso.
A Thai Airways, com sede em Bangcoc, na Tailândia, passou a desinfetar o interior dos aviões em todos os voos da China e com destinos considerados de "alto risco". Outras empresas, como a Singapore Airlines, estão permitindo que a tripuçação use máscaras em viagens com destino à China. A American Airlines, por sua vez, tem disponibilizado toalhas capazes de desinfetar as mãos dos comissários de bordo em todos os voos em direção à nação asiática.
Reflexos na economia
Além do setor aéreo, a epidemia provoca incertezas para o conjunto das perspectivas econômicas mundiais, advertiu o presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano), Jerome Powell.
Grandes empresas como Toyota, IKEA, Starbucks, Tesla, McDonald's e a gigante da tecnologia Foxconn decidiram suspender de forma temporária a produção, ou fechar suas lojas na China por conta do coronavírus.