RIO — Um médico chinês que foi repreendido por "espalhar boatos" sobre o coronavírus antes do reconhecimento oficial do patógeno morreu na madrugada desta sexta-feira (horário da China), após ser infectado pelo vírus. A informação foi confirmado pelo hospital onde trabalhava.
Li Wenliang , oftalmologista de um hospital em Wuhan , cidade no epicentro do surto, foi uma das oito pessoas repreendidas pela polícia da cidade no mês passado por divulgar informações "ilegais e falsas" sobre o coronavírus .
O hospital de Wuhan, onde Li trabalhava, disse em um comunicado em sua conta no Weibo que ele morreu às 2h58, horário local, na sexta-feira. A informação sobre sua morte, mesmo antes de ser confirmada, gerou forte comoção nas redes sociais, onde aumentam as críticas à demora do governo chinês para reconhecer e combater a economia.
Sua morte foi anunciada na quinta-feira pelo diretor Executivo de Emergências de Saúde da Organização Mundial de Saúde ( OMS ), Mike Ryan. O hospital, porém, afirmou que Li estava vivo, internado na UTI. A própria OMS, que fez um post em homenagem ao médico, não deixou claro qual foi sua fonte, creditando a informação a Ryan.
Li, que tinha 34 anos, havia dito a um grupo de médicos nas mídias sociais chinesas e na plataforma de mensagens WeChat que sete casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave ( SARS ) teriam ligação com um mercado de frutos do mar em Wuhan, que seria a fonte do vírus.
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O médico postou na plataforma o resultado de um teste confirmando a presença de um coronavírus "tipo SARS" em uma amostra coletada de um paciente.
No dia 3 de janeiro, a polícia de Wuhan afirmou, em uma carta, que Li "perturbou gravemente a ordem social" ao divulgar o exame. o médico foi convidado a assinar uma carta como uma promessa de que interromperia imediatamente seu comportamento ilegal e, se ele se recusasse a cumprir, enfrentaria acusações criminais.
No dia 1º de fevereiro, Li revelou na rede social chinesa Weibo que havia testado positivo para o coronavírus. O oftalmologista contraiu o patógeno quando tratava do glaucoma de uma mulher que havia sido infectada, provavelmente pela filha.