Estudos realizados na Ásia apontam que o novo coronavírus
(Sars-CoV-2) permanece nas fezes dos infectados mesmo após deixar os pulmões e as áreas respiratórias. Portanto, ainda pode ser transmitido a terceiros.
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Alguns pacientes relatam dores abdominais e diarreia como sintomas da Covid-19 e, para analisar o comportamento, o Hospital Universitário de Sun Yat-sen, na China, analisou as fezes e o trato respiratório de 98 pacientes entre os dias 16 de janeiro e 15 de março.
O resultado apontou que o vírus foi encontrado nas fezes dos pacientes por cinco semanas após as amostras do trato respiratório darem negativo. A bióloga e doutora em Engenharia Hidráulica e Saneamento, Juliana Calabria de Araújo, da Universidade Federal de Minas (UFMG), explicou à BBC News que é possível a transmissão fecal-orla do coronavírus.
"Os autores ressaltam que embora o conhecimento sobre a viabilidade (capacidade de infectar) do novo coronavírus seja limitado, ele poderia estar viável por vários dias, levando à transmissão fecal-oral, conforme verificado nos casos de outros vírus", disse a profissional.
Na Holanda uma pesquisa apontou o vírus em amostras de esgoto do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, duas semanas após a confirmação do primeiro paciente infectado em solo holandês e levou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ETEs Sustentáveis a alertar sobre a transmissão do vírus em áreas carentes de saneamento básico .
Analisando o cenário brasileiro, o INCT apontou que com apenas 46% do esgoto tratado, é possível que ao longo da epidemia no país seja despejada uma carga viral enorme em rios, o que pode aumentar a contaminação nas áreas mais vulneráveis.
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Apesar do alerta, os estudos ainda não são conclusivos sobre o impacto para a população se o coronavírus estiver em rios e mananciais.