Covid-19
Rovena Rosa/Agência Brasil
Estudo foi realizado por grupo de pesquisadores de instituições da Itália

Um estudo italiano descobriu que quando o  novo coronavírus (Sars-CoV-2) causa um duplo dano aos pulmões - atacando e destruindo os alvéolos e capilares pulmonares - o índice de mortalidade dos pacientes em unidades de terapia intensiva (UTIs) aumenta sensivelmente.

A pesquisa foi liderada pelo Policlínico Sant'Orsola, de Bolonha, e foi publicada na revista "Lancet Respiratory Medicine" na última semana. Foram analisados 301 prontuários de pacientes que foram internados no hospital como também em outros seis estabelecimentos italianos.

Segundo os estudiosos, os resultados encontrados permitirão individualizar mais rapidamente quem está em risco, bem como oferecer os melhores tratamentos. Dois exames usados pelos médicos permitem, no caso de realização precoce, uma queda de até 50% no índice de mortalidade daqueles que são internados na UTI .

A pesquisa foi coordenada pelo professor e diretor do departamento de Anestesia e Terapia Intensiva do Policlínico, Marco Ranieri, com o auxílio do presidente do Conselho Superior de Saúde , membro do Comitê-Técnico Científico do governo da Itália e médico do hospital Bambino Gesù, de Roma, Franco Locatelli.

De acordo com Ranieri, o Sars-CoV-2 pode danificar as duas estruturas pulmonares: os alvéolos, que são aqueles que realizam as trocas gasosas entre o meio-ambiente e o organismo, ingerindo o oxigênio e liberando o gás carbônico, e os capilares, que formam redes de vasos sanguíneos.

O estudo mostrou que quando o vírus que causa a Covid-19 danifica os dois, quase 60% dos pacientes morrem. O índice de óbitos cai para pouco mais de 20% no caso daqueles que sofrem com danos em apenas uma das duas estruturas.

O fenótipo, ou seja, a forma como as condições clínicas se manifestam, é facilmente identificável no caso das pessoas com "duplo dano" através de dois exames: um que analisa o parâmetro de funcionalidade pulmonar (distensibilidade do pulmão menor de 40, perante o índice normal de 100) e de um parâmetro hematoquímico (o D-dímero maior que 1.800 com valor normal de 10).

Estes resultados têm importantes implicações sejam para os tratamentos atualmente disponíveis como para futuros estudos sobre novas intervenções terapêuticas. O reconhecimento rápido do fenótipo com "duplo dano" permitirá uma precisão diagnóstica muito elevada e a utilização de tratamentos mais eficazes, fazendo com que esses doentes sejam colocados em medidas mais agressivas, como a ventilação mecânica extracorporal. Já aqueles com apenas um dos exames negativos, podem receber a ventilação mecânica não invasiva.

Participaram da pesquisa, além do Sant'Orsola, o Policlínico de Modena, o Ospedale Maggiore, o Niguarda e o Instituto Clínico Humanitas - todos de Milão -, o hospital San Gerardo de Monza e o Policlínico Gemelli de Roma.

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