Após o Brasil atingir a marca de 200 mil mortes causadas pela pandemia de Covid-19 , nesta quinta-feira (7), os esforços em buscar imunizar a população o mais rápido possível ganharam ainda mais fôlego. O iG conversou com um especialista em epidemiologia para tentar traçar os próximos passos para uma vacinação global eficiente. Confira:
Para o epidemiologista Dr. Geraldo Ribeiro, se todos os processos para a aquisição dos imunizantes forem rápidos e eficientes, vários países - inclusive o Brasil - poderão vacinar a população já no primeiro semestre deste ano.
"Acredito que, numa visão otimista, a maioria dos paises do mundo conseguirá vacinar a população de risco para o Covid-19 no primeiro semestre deste ano (...) isso seria um grande avanço".
Entretanto, ele ressalta que o fato de alguns países estarem adquirindo vacinas de mais de um fabricante pode ser um fator de atraso para a imunização de massa.
"O fato da vacinação não ser em dose única pode fazer com que o processo não seja tão rápido como se fosse em uma única dose". A explicação dele se deve ao fato de que precisa existir uma diferença entre a aplicação da primeira e da segunda, que, normalmente, passa dos vinte dias.
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"Além disso, existe uma questão de disponibilidade das vacinas para toda a população e da mesma marca, já que nãoo se pode nesse momento misturar vacinas. Se fez a primeira dose de um produtor tem que fazer a segunda dose do mesmo produtor", complementa o especialista.
Logística e distribuição no Brasil
Do ponto de vista de logística e distruição do imunizante, Ribeiro acredita que o país tinha potencial para fazer uma das melhores campanhas em massa do mundo, mas perdeu o ritmo por não se organizar a tempo.
"Nós somos talvez o país melhor preparado para fazer uma vacinação em massa. O pais já tem experiência em vacinações em massa, como por exemplo a da própria gripe, que vacina uma população parecida com a da Covid-19 anualmente (...) O problema que eu vejo foi de planejamento, porque nós, em termos nacionais, planejamos a campanha muito tarde, então nós não temos efetivamente vacinas e provavelmente ainda não temos nem todas as seringas necessárias".
Desafios para o país
"Essas vacinações em larga escala trazem grande desafio, primeiro de pessoal: como é uma vacinação longa, feita em duas doses, você tem que utilizar pessoal que, no dia a dia, está realizando outras tarefas. A vacinação de rotina, por exemplo, (de outras doenças) não pode parar, além de outros atendimentos normais na rede de saúde", afirma o especialista.
Ele ressalta, porém, que, no caso do Brasil, "já há uma experiência em fazer esses serviços em simultâneo desde a década de 80 com as campanhas contra a poliomelite e outras doenças, por exemplo (...) esse desafio de recursos humanos é muito grande".