O governo da Itália vai colocar um quarto da população do país em lockdown a partir do próximo domingo para conter a tendência de aceleração da pandemia do novo coronavírus.
O ministro da Saúde, Roberto Speranza, assinará nas próximas horas um decreto que põe as regiões da Lombardia e da Sicília e a província autônoma de Bolzano na faixa vermelha, regime que permite deslocamentos apenas por motivos de "trabalho, saúde ou necessidade".
As duas regiões e a província autônoma totalizam 15,6 milhões de habitantes, quase 26% da população nacional, e apresentam índices de transmissão do novo coronavírus superiores a um, o que significa que um infectado contamina mais de uma pessoa.
A faixa vermelha também prevê o fechamento do comércio, com exceção de negócios de alimentos e itens de primeira necessidade, e de bares e restaurantes, que só podem funcionar por delivery ou para retirada.
Atualmente, nenhuma região italiana está em regime de lockdown. A partir de domingo, nove delas (Abruzzo, Friuli Veneza Giulia, Lazio, Ligúria, Marcas, Piemonte, Puglia, Úmbria e Vale de Aosta) vão regredir para a faixa laranja, se juntando a Calábria, Emilia-Romagna e Vêneto.
Nesse regime, é permitido circular livremente dentro do próprio município e o comércio pode abrir as portas, mas restaurantes e bares continuam fechados. Outras cinco regiões (Basilicata, Campânia, Molise, Sardenha e Toscana) e a província autônoma de Trento permanecem na faixa amarela, na qual é possível abrir bares e restaurantes.
Todo o país está sujeito a toque de recolher noturno entre 22h e 5h e a uma proibição de viagens entre regiões. O governo italiano também já havia confirmado a prorrogação do estado de emergência até 30 de abril e a criação de uma nova faixa de risco, a branca, para regiões com índice inferior a 50 casos semanais para cada 100 mil habitantes por três semanas consecutivas.
Essas áreas terão regras mais permissivas do que as faixas amarela, laranja e vermelha, porém nenhuma das 20 regiões do país se enquadra nesse critério atualmente.
"Piora geral"
O monitoramento semanal feito pelo Instituto Superior da Saúde (ISS) aponta uma "piora geral da situação epidemiológica no país".
Segundo o ISS, que é ligado ao Ministério da Saúde, é possível observar o "aumento do risco de uma epidemia descontrolada devido ao crescimento disseminado da probabilidade de transmissão do Sars-CoV-2".
O índice de transmissibilidade do vírus no território nacional cresceu pela quinta semana consecutiva e chegou a 1,09. "A epidemia continua em uma fase delicada, e é possível um novo aumento rápido no número de contágios nas próximas semanas, caso não sejam mantidas rigorosas medidas de mitigação", diz o ISS.
Até o momento, a Itália contabiliza pouco mais de 2,3 milhões de casos do novo coronavírus e 80.848 mortes na pandemia, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com a Universidade Johns Hopkins, o país tem a quarta maior taxa de mortalidade por Covid-19 em todo o mundo, com 133,8 óbitos para cada 100 mil habitantes, atrás apenas de San Marino (192,4/100 mil), que tem menos de 35 mil habitantes; da Bélgica (177,7/100 mil), que contabiliza todas as mortes suspeitas; e da Eslovênia (149,6/100 mil).
A Itália iniciou sua campanha de vacinação em 27 de dezembro e, até o momento, já aplicou a primeira dose em 972.099 pessoas.