Hospitais começaram a ser chamadas de
Alex Pazuello/Fotos Públicas
Hospitais começaram a ser chamadas de "câmaras de asfixia" pela falta de oxigênio

O Secretário de Saúde do Amazonas , Marcellus Campêlo, disse nesta sexta-feira que a sociedade amazonense fez uma "opção" pela contaminação. A declaração acontece em meio ao caos no sistema de saúde do estado decorrente do aumento acelerado no número de novos casos de Covid-19 e da falta de oxigênio hospitalar para atender os pacientes. Segundo ele, o governo estadual teria feito tudo o que podia para evitar o atual cenário.

Apesar dos alertas, dos decretos, a sociedade fez uma escolha de manter as aglomerações, participar das confraternizações, comemorar Réveillon, fazer festas clandestinas, principalmente. Ou seja, quando a sociedade opta pela contaminação, invariavelmente, 15 dias depois, nós sofremos o pico dessa aglomeração", afirmou.

Manaus vive o segundo pico da Covid-19 e o sistema de saúde do estado e da capital estão sobrecarregados. Na quinta-feira, o estado registrou 258 internações em 24 horas, o maior número desde o início da pandemia. No mesmo período, foram registrados 3.816 novos casos da doença segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas. A taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 está em 90%.

A situação fez com que o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa iniciassem a remoção de pacientes com a doença para seis outros estados. As transferências começaram nesta sexta-feira, mas ainda não surtiram o efeito desejado, que é abrir vagas suficientes para atender o fluxo de novos pacientes.

A gestão da crise sanitária no Amazonas está em cheque desde o início da epidemia, em março de 2020, mas ficou ainda mais em evidência desde o final do ano. No dia 23 de dezembro, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), assinou um decreto impondo restrições ao comércio. A decisão durou pouco tempo. Empresários protestaram contra o decreto e o governador recuou, flexibilizando as medidas, o que possibilitou a retomada das atividades comerciais em níveis quase normais.

Marcellus Campêlo evita criticar a hesitação do governador em manter o decreto do final de dezembro, mas diz que se as medidas de isolamento previstas naquela época tivessem sido adotadas, o cenário atual seria diferente.

"O governador flexibilizou algumas medidas (em relação ao decreto inicial), mas se elas fossem executadas, teriam reduzido em muito (o número de internações). A população, os empresários, a sociedade de modo geral não conseguiu executar, cumprir as determinações. Verificávamos shoppings e restaurantes lotados", afirmou o secretário.

Questionado sobre se o governo também não teria falhado ao não impor o uso da força para que as medidas fossem cumpridas, Campêlo disse que o estado não teria meios para fazer isso.

"O governo usou todas as forças possíveis. Onde detectávamos descumprimento, nós atuávamos. É impossível estar em todos os lugares, em todas as casas, condomínios, nos parques", afirmou.

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