Os municípios de Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, suspenderam as campanhas de vacinação contra a Covid-19 por falta de doses disponíveis. Ambas as prefeituras aguardam a chegada de novas remessas do Ministério da Saúde, que ainda não têm previsão para serem entregues.
Em Niterói, idosos de 88 anos, que começaram a ser vacinados na segunda-feira (8), vão ter que esperar. Em São Gonçalo, a fase 1 foi paralisada quando pretendia atender pessoas com 90 anos.
De acordo com a prefeitura de Niterói, há 11.620 doses restantes no estoque que serão usadas na segunda fase de vacinação de trabalhadores de Saúde da linha de frente de combate à pandemia. A imunização para esse público inicia nesta semana nos locais onde eles trabalham.
Ao longo de três semanas, 20.325 pessoas – entre trabalhadores da saúde, idosos e pessoas com deficiência – receberam a primeira dose contra o coronavírus, esgotando o imunizante nas policlínicas municipais.
O secretário de Saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira, ressaltou que o plano de ação no município é bem estruturado, mas é limitado pela disponibilidade de doses. Segundo Oliveira, a campanha será retomada assim que o estoque for renovado.
"Niterói tem um plano estruturado e profissionais competentes, habilitados e treinados nas unidades de saúde para realizar a vacinação. Mas temos hoje um limite, que é a disponibilidade de doses. Nossa intenção é vacinar o maior número de pessoas no menor tempo possível. Mas, para apresentar um calendário que seja real, e não uma peça de ficção, precisamos saber a quantidade de vacinas que iremos receber e o dia em que elas chegarão. E hoje não temos essa informação do Ministério da Saúde", afirmou.
Em São Gonçalo, críticas ao plano de vacinação
Em São Gonçalo, a vacinação para o público em geral foi suspensa também na segunda. O município, porém, foi alvo de uma notificação do Ministério Público Estadual (MPRJ), que criticou a organização da campanha de imunização. A secretaria de Saúde não exigiu comprovante de vínculo como a cidade e não definiu um limite de idade para imunizar profissionais de saúde, gerando procura de pessoas que trabalham em outros municípios.
No dia 5, o GLOBO mostrou que no pólo sanitário Washington Luiz Lopes, no Zé Garoto, no Centro do município, mais de 300 pessoas esperavam pelo atendimento no horário de abertura. A grande maioria era de jovens com idade entre 23 e 40 anos, vindos do Rio e de municípios vizinhos. Enquanto os mais novos aguardavam a vez, idosos que entraram na fila em busca da dose eram informados que não receberiam a vacina.
A partir da chegada de novas doses, trabalhadores da área de saúde terão que comprovar que atuam no município para serem imunizados. Além disso, voltarão a ser vacinados idosos com mais de 90 anos, residentes em São Gonçalo que devem apresentar documento de identidade com foto, além do comprovante de residência.
No caso dos profissionais de saúde que não moram, mas trabalham na cidade, será necessária a comprovação de vínculo ao serviço de saúde no município, com apresentação de documento oficial de identificação ou declaração emitida pelo órgão competente.
Apesar das críticas, a prefeitura argumenta que cumpre determinações do Ministério da Saúde, tanto na utilização e reserva das vacinas quanto no atendimento aos grupos prioritários.
De acordo com a gestão municipal, as filas registradas nas unidades de saúde na última semana foram "consequência da alteração feita por outros municípios, que suspenderam a vacinação dos trabalhadores da saúde, o que causou uma demanda excessiva nos postos de atendimento gonçalenses".