Fabricantes da Sputnik V afirmam que negativa do Brasil tem 'natureza política'
Rafael Barifouse - Da BBC News Brasil em São Paulo
Fabricantes da Sputnik V afirmam que negativa do Brasil tem 'natureza política'

Os fabricantes da vacina russa contra a Covid-19 Sputnik V criticaram, nesta terça-feira, a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que consideram "política", de não autorizar a importação do fármaco.

"Os atrasos da Anvisa na aprovação da Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência", escreveu o perfil oficial da vacina russa no Twitter.

"O Departamento de Saúde dos Estados Unidos, em seu relatório anual de 2020 há vários meses, declarou publicamente que o adido de saúde dos Estados Unidos 'persuadiu o Brasil a rejeitar a vacina russa'. O povo brasileiro aguarda a decisão do Supremo Tribunal Federal", completa.

A Anvisa negou na segunda-feira um pedido de dez estados brasileiros para importar a vacina russa Sputnik V por considerar que faltam dados técnicos para verificar sua segurança e eficácia.

O diretor-presidente da agência, Antônio Barra, refutou as críticas à agência e acusações de insensibilidade em relação ao cenário da pandemia no país. Segundo ele, a Anvisa está cumprindo sua missão de zelar pela saúde da população.

A decisão foi tomada após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski negar pedido de suspensão do prazo de análise feito pela agência. Em 13 de abril, o magistrado determinou que a Anvisa se manifestasse a respeito da vacina até o dia 28 de abril.

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"Seguiremos adiante com nossos contatos. Se falta informação, será fornecida. Não deveria existir nenhuma dúvida a respeito", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

A vacina Sputnik V está sendo aplicada em vários países além da Rússia, como Argentina, México e Venezuela. De acordo com o instituto russo Gamaleya, que desenvolveu a vacina, o fármaco foi autorizado em mais de 60 países.

Entretanto, o imunizante ainda não é permitido pelos principais órgãos de vigilância sanitária, como a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

No Brasil, em uma tentativa de agilizar os planos de vacinação, uma dezena de estados do Norte e Nordeste assinaram contratos com o Fundo Soberano da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento da Sputnik V. O governo federal brasileiro também adquiriu 10 milhões de doses do imunizante.

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