Médicos do Hospital Municipal da Vila Brasilândia, na Zona Norte da cidade de São Paulo,
afirmaram, nesta segunda-feira (26), que estão sendo obrigados a amarrar
mãos e pés dos internados para que eles consigam suportar a dor. A denúncia foi feita à TV Globo, no jornal SP2.
O procedimento está acontecendo por causa da falta de medicamentos para sedação dos pacientes intubados. "Está faltando vários insumos (...) faltando sedações, faltando luvas, faltando atadura, itens essenciais para o bom tratamento dos pacientes no maior hospital de campanha de Covid do estado de São Paulo", disse um deles, sem se identificar.
De acordo com os funcionários do hospital, só há no estoque remédios para fazer o procedimento de intubação, não para manter os doentes graves sedados e imóveis. O efeito desses medicamentos dura poucos minutos.
"A medicação para intubar são medicamentos para induzir. É um hipnótico junto com um bloqueador neuromuscular que você faz a intubação. Depois, passam cinco minutos e esse paciente acorda, depois que está intubado. E aí é o problema! Não tem sedação, não tem analgesia para esse paciente ficar no tubo. Então ele fica acordado no tubo, entendeu?", afirmou o médico.
E completou: "Pacientes novos, pacientes que estão morrendo por falta de sedação. Não estamos conseguindo fazer o tratamento adequado neste hospital, entendeu?".
Outro profissional da unidade de saúde disse que sem a sedação adequada, os internados podem ficar com sequelas e até morrer. "A maioria não fica bem. Não tem um desfecho positivo. Isso causa um estímulo doloroso muito grande".
Segundo os médicos, a unidade recebeu os kits de intubação doados por empresários ao Ministério da Saúde, mas eles duraram apenas uma semana.
Em nota enviada à reportagem da TV Globo, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que "a situação geral de abastecimento dos medicamentos para intubação na rede municipal é considerada regular e esclarece que há diferentes medicamentos utilizados, como bloqueadores neuromusculares necessários para indução e manutenção da intubação, com mesma ação terapêutica".