Live do iG teve como convidados os epidemiologistas Pedro Hallal e Paulo Lotufo
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Live do iG teve como convidados os epidemiologistas Pedro Hallal e Paulo Lotufo

O epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade de Pelotas (UfPel), afirmou em entrevista ao iG nesta terça-feira (27) que três em cada quatro mortes pela Covid-19 ocorreram pela falta de coordenação nacional no combate à pandemia.

"A falta de coordenação nacional é responsável por três de cada quatro mortes no Brasil. Hoje saiu um comentário na Nature falando em uma de cada duas. Acho que ainda é conservador, acho que três de cada quatro, com os dados que eu vejo. Não há dúvida de que muito mais gente morreu e seguirá morrendo hoje no Brasil do que seria o naturalmente esperado pelo curso natural da pandemia", afirmou Hallal.

O comentário foi feito durante a live Em Cima do Fato , encontro semanal que o portal realiza todas as terça-feiras, às 17h, para falar sobre um assunto do noticiário. O encontro também teve a participação do professor Paulo Lotufo, que também é epidemiologista e dá aulas de medicina na Universidade de São Paulo (USP).

"Essa falta de coordenação nacional está ligada a pautas técnicas, de vigilância epidemiológica, de testagem, de rastreamento de contato, de uma abordagem técnica para a vacinação, distanciamento e máscara. Não dá para o Brasil fingir que não cometeu esses erros. Agora que está chegando a CPI, o pessoal quer mudar de opinião", completou o ex-reitor da UfPel.


O epidemiologista também citou as ocasiões em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) debochou de imunizante contra a Covid-19 e da doença em si. "Foi o presidente que disse que não ia tomar vacina, foi ele que disse que podia virar jacaré, foi ele que disse que era gripezinha. Essas frases têm um custo, e esse custo tem que ser cobrado. Agora não adianta voltar atrás", disse.

Reserva de segunda dose de vacinas

Durante a live, tanto Hallal quanto o professor Paulo Lotufo criticaram a decisão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de não reservar vacinas para a aplicação da segunda dose na população.

"O que eu poderia falar da frase dele é que é um cara de pau. Você tem que ter a garantia da segunda dose porque o seu controle global de entrega não está na sua mão. Então é melhor guardar aquilo lá e fazer a aplicação depois, mas não houve esse debate e ele causou um problema. Como diriam os idosos, matou os pais e pede clemência aos órfãos. É isso que ele está fazendo", afirmou Lotufo.

Para Hallal, Queiroga deveria assumir a responsabilidade pela decisão que tomou. "Me incomoda muito ver o ministro se manifestar da forma como tem se manifestado em relação à segunda dose. Foi uma decisão de responsabilidade dele. O presidente já não toma responsabilidade sobre nada do que diz e agora o ministro da Saúde, que nós estávamos tentando botar uma energia? Aí não dá. Foi o ministro que tomou essa decisão", disse o epidemiologista.

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