Um estudo feito por pesquisadoras do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP com 20 funcionárias do complexo hospitalar, imunizadas com a vacina CoronaVac entre janeiro e fevereiro passado, mostrou que houve indução de anticorpos contra a Covid-19 no leite materno, mesmo quatro meses após a mãe ter sido vacinada.
As amostras foram testadas para presença de anticorpos imunoglobulina A (IgA) em imunoensaio (ELISA), mesmos parâmetros usados pelo estudo de Israel que constatou a presença de anticorpos em lactantes que receberam a vacina da Pfizer.
A cidade de Salvador já vacina desde maio passado mães lactantes de bebês com até 12 meses, com ou sem comorbidades. O Rio Grande do Norte incluiu lactantes com de bebês com até seis meses no grupo prioritário e elas poderão ser vacinadas num mutirão a ser realizado no próximo sábado. Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, já estão sendo vacinadas desde o início desta semana lactantes de 30 anos ou mais, com bebês de até dois anos.
O estado de São Paulo iniciou a vacinação de grávidas e puérperas sem comorbidade nesta quinta-feira, mas não ampliou a campanha para todas as lactantes.
Depois de imunizadas, as mães podem transmitir anticorpos contra a Covid-19 aos bebês por meio da placenta, onde é possível a produção de anticorpos, e pelo leite materno, como mostra o estudo.
Anticorpos presente até 4 meses após 2ª dose
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Segundo o Instituto, as lactantes têm em média 35 anos e o tempo de aleitamento médio é de 11 meses. Foram realizadas nove coletas, a primeira delas antes da vacinação e as demais no 7º, 14º, 21º e 28º dias após a 1ª dose, no 7º, 14º e 21º dias depois da 2ª dose e a última 4 meses da vacinação.
Foram observados picos de anticorpos na segunda semana após a primeira dose e na quinta e sexta semana depois da segunda. Na coleta feita após quatro meses da imunização, 50% das voluntárias ainda mantinham presença elevada de anticorpos no leite.
Em nota, a coordenadora médica do Banco de Leite Humano do Instituto da Criança e uma das coordenadoras do estudo, Valdenise Calil, afirmou que o estudo reforça a importância da vacina e também os benefícios do aleitamento materno. Segundo ela, o aleitamento pode ser feito inclusive durante o período de infecção, desde que tomada todas as precauções para evitar o contágio entre mãe e filho.
Magda Carneiro-Sampaio, professora de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e integrante do grupo, afirma que a CoronaVac, feita com vírus inativado, é segura para ser tomada durante a gestação, o que aumentaria a probabilidade de proteção do recém-nascido.