No mesmo dia em que a Universidade de Oxford anunciou um estudo sobre a ivermectina no tratamento da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse que a instituição "encontrou fortes indícios" da eficácia do medicamento contra a doença. À Folha, a equipe disse que o estudo está apenas no início e não há expectativa de prazo para a publicação dos resultados.
O comunicado da Oxford também não fala sobre a prevenção da Covid-19 e afirma que há poucas evidências de ensaios clínicos randomizados em grande escala para comprovar que o medicamento de fato acelera a recuperação da doença ou reduz as internações.
"Vocês viram aí que a Oxford encontrou fortes indícios de que a ivermectina realmente previne ou, no primeiro momento, é salutar e começaram a estudar com mais profundidade a ivermectina?", disse Bolsonaro em vídeo gravado durante uma conversa com apoiadores no último dia 23.
Quando anunciou o estudo, a universidade disse também que passaria a investigar o medicamento como parte do ensaio randomizado, escolhendo integrantes de forma aleatória. Até então, a ivermectina demonstrou reduzir a replicação do novo coronavírus (Sars--CoV-2) em estudos de laboratórios -- pré-clínicos e sem testes em humanos.
Ainda de acordo com comunidado da Oxford, pequenos estudos-piloto mostraram que a administração precoce pode reduzir a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com quadros leves.
Chris Butler, investigador-chefe adjunto do estudo, disse que o medicamento tem bom perfil de segurança e que será estudado por causa de seus primeiros resultados promissores em alguns estudos. Mas, em nenhum momento, disse que já há "fortes indícios" desta eficácia.