Na corrida para vencer a pandemia e com a chegada mais frequente de vacinas contra a Covid-19, a prefeitura do Rio estuda aplicar, ainda este ano, uma terceira dose em idosos. A capital também decidiu acelerar mais uma vez o calendário da imunização, para proteger todos os adultos até meados de agosto.
E, no pacote de novidades, é analisada a extensão da vacinação combinada — de AstraZeneca e Pfizer — ao conjunto da população. Até agora, só grávidas e puérperas podem tomar imunizantes diferentes dentro do mesmo ciclo. Membro do comitê científico do município, o infectologista Alberto Chebabo acredita que injeções de reforço provavelmente serão necessárias no futuro.
"Primeiro, percebemos que haverá uma quantidade de doses disponíveis, adquiridas pelo governo federal. Já introduzimos um primeiro tema, que é a possibilidade de misturar a AstraZeneca com a Pfizer, entre as grávidas. Mas isso pode ser levado para outras pessoas, até para a totalidade da população", comentou Paes, ressalvando que o assunto precisa ser discutido na próxima reunião do comitê científico do município, segunda-feira que vem.
Ele anunciou a revacinação de idosos numa entrevista à GloboNews. Segundo especialistas, a medida pode ser motivada pelo surgimento de novas cepas do coronavírus e pelo tempo de imunidade conferido pelas fórmulas disponíveis, o que tem sido objeto de estudos no mundo inteiro. A dose de reforço seria a aplicada, a princípio, em quem tem mais 60 anos.
Paes argumenta que, com o calendário adiantado, caso a terceira dose seja implementada, haverá tempo para vacinar novamente a população idosa, que já foi imunizada no início do ano.
"Isso não está definido, é uma proposta formulada pelo comitê científico da prefeitura, com o secretário Daniel Soranz, e deve ser levada ao Ministério da Saúde. Inclusive, já falei sobre isso com o ministro (Marcelo) Queiroga quando ele esteve aqui, na semana passada. Mas essa é uma decisão do Plano Nacional de Imunizações", ponderou o prefeito.
Para o infectologista Alberto Chebabo, membro do comitê científico do município, injeções de reforço provavelmente serão necessárias no futuro, embora a prioridade atual do Rio seja garantir a imunização de toda a população adulta.
"Quase a totalidade dos institutos produtores trabalha com a possibilidade da terceira dose. No fim do ano, já teremos uma grande quantidade de pessoas vacinadas há muito tempo. E sabemos que os idosos, os primeiros imunizados, têm, de modo geral, uma resposta menos potente à vacina. É muito provável que, para eles, a essa altura, já sejam indicadas três doses. Pelo próprio envelhecimento do sistema imune, maiores de 60 anos normalmente não respondem tão bem à imunização. Não só eles, mas outros públicos, como os imunodeprimidos", diz Chebabo.
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No momento, a grande questão em debate no comitê é se as doses de reforço necessariamente serão do mesmo fabricante das primeiras duas doses ou se poderão ser de outra fórmula.
"A maioria dos idosos foi vacinada com a CoronaVac. Precisamos de mais evidências para saber se a terceira dose será da mesma vacina. O próprio Instituto Butantan deve providenciar essas evidências, porque é responsabilidade do produtor avaliar o nível de imunidade garantido e fazer propostas quanto à aplicação da terceira dose", afirma o infectologista.
Em maio, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, previu a necessidade de doses de reforço da CoronaVac. Os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein já estão aplicando a Pfizer como reforço em quem tomou a CoronaVac. Já a Turquia anunciou ontem que vai começar a oferecer uma terceira dose da CoronaVac e da Pfizer a profissionais de saúde e pessoas com mais de 50 anos.
Além disso, um estudo da Universidade de Oxford divulgado segunda-feira indica que a terceira dose da AstraZeneca produz uma forte resposta imunológica. No entanto, segundo especialistas, ainda não há evidências de que tais aplicações sejam necessárias, especialmente por causa da escassez de imunizantes em alguns países.
Independentemente do que ocorrerá, a capital acelerou a vacinação nas duas próximas semanas. Agora, pessoas entre 42 e 37 anos serão imunizadas até o dia 17, uma diferença de cerca de 20 dias em relação ao último calendário.
"A prefeitura tem capacidade para vacinar 80 mil pessoas por dia, mas estamos na metade disso. Havendo mais vacina, a gente tem condições de acelerar muito mais", disse Paes à GloboNews.
É mantida, no entanto, outra preocupação, com os que já deveriam ter tomado a segunda dose, mas não voltaram aos postos. Um estudo da UFRJ e da USP mostra que 14,5% dos habitantes do Estado do Rio não completaram o ciclo dentro do prazo previsto. É a terceira maior proporção de atrasados do país, abaixo do Ceará e do Amazonas. Só na capital, 78 mil pessoas não retornaram para tomar a injeção de reforço.