Fazia 14 semanas — ou seja, três meses e meio — que a cidade do Rio só registrava os índices "alto" e "muito alto" de risco de contaminação por Covid-19 em todas as suas 33 Regiões Administrativas (RAs). Isso mudou nesta sexta-feira, dia 2. Pela primeira vez desde o início de abril, o município voltou ao indicador "moderado", o mais baixo na classificação usada pela prefeitura, em diferentes RAs. Foram cinco: Zona Portuária, Penha, Ilha do Governador, Santa Teresa e Vigário Geral.
A principal razão para isso ter acontecido em pleno inverno, uma estação historicamente marcada pelo aumento de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG)? A vacinação. A ela o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, atribui a mudança na curva de óbitos por Covid-19 no município, que está em queda desde meados de abril e agora apresentou um declínio ainda mais acentuado. Mas ele ressalta: ainda não é hora de abrir mão das normas sanitárias de combate ao coronavírus.
De maio a junho, segundo o 26° boletim epidemiológico da cidade, os óbitos por Covid-19 tiveram uma queda de 44%. Há três semanas, nenhum paciente da rede pública de Saúde precisa aguardar por um leito por mais de 24 horas. Nos últimos sete dias, o número de pacientes internados em hospitais públicos e privados teve uma queda de 27,5% — no dia 27 de junho, o total era de 1002 pessoas; ontem, era de 726.
"Esses são os efeitos da vacina. Ontem, por exemplo, tivemos somente 18 internações no Rio de Janeiro. O número de internações vem caindo de uma maneira bastante expressiva. Também a taxa de ocupação dos hospitais, obviamente por consequência das não internações, vem caindo. O tempo de espera por um leito já não existe mais há quase um mês. A redução dos óbitos também, mais tardiamente, começa a aparecer. Esperávamos um inverno muito duro, com muito mais internações e óbitos. Quatro vezes mais do que a gente tem agora. E os efeitos da vacina são claros, e a gente começa a ver uma redução muito expressiva no número de casos, mesmo estando no mês mais perigoso para a gripe, um período de maior sazonalidade", disse Soranz em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira.
Ele ressalta, contudo, que o nível de transmissão no município ainda é muito alto. Embora também em queda, a curva de atendimentos nas redes de urgência e emergência, outro indicador relevante da Covid-19 na cidade, não apresentou uma redução proporcional à curva de mortes, e chegou a registrar um leve aumento entre os dias 19 e 24 de junho.
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"Ainda é o momento de usar máscara, de não aglomerar, evitar qualquer tipo de exposição desnecessária, porque ainda temos muitos casos de Covid-19 na cidade", salientou Soranz.
Calendário acelerado
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou nesta quinta-feira uma nova aceleração no calendário da vacinação contra a Covid-19 na cidade. Nas próximas duas semanas, o município vacinará pessoas de 42 a 37 anos. Segundo o cronograma antigo, esse grupo teria encerrado a aplicação da primeira dose em 4 de agosto. Com a nova antecipação, ele será vacinado até o dia 17 de julho — uma diferença de 20 dias. Em entrevista à GloboNews, Paes falou que a nova meta da prefeitura é vacinar toda a população adulta do Rio até meados de agosto.
"A prefeitura do Rio tem capacidade para vacinar 80 mil pessoas por dia, estamos na metade disso. Havendo mais vacina a gente teria condições de acelerar muito mais. Mas de qualquer maneira já estamos muito adiantados, inclusive em relação ao segundo calendário que propusemos, em que todos vacinados até o dia 31 de agosto. Vamos adiantar cerca de 20 dias em relação ao último calendário", disse Paes.
Campanha contra a gripe
Na semana passada, a Prefeitura do Rio anunciou a prorrogação do calendário de vacinação contra a gripe até o dia 30 deste mês. Grupos prioritários desta campanha podem buscar atendimento nos postos em qualquer dia. Quem tomou a vacina contra a Covid-19 deve aguardar 14 dias para se vacinar contra a gripe.
Os grupos prioritários são:
- Idosos (a partir de 60 anos)
Crianças de seis meses a cinco anos
Gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto)
Indígenas e quilombolas
Pessoas com comorbidades ou com deficiência permanente
Trabalhadores da saúde e da educação
Caminhoneiros e trabalhadores do transporte coletivo e de longo percurso
Portuários
População privada de liberdade, adolescentes sob medidas socioeducativas e funcionários do sistema prisional
Forças de segurança e salvamento e forças armadas