Estudo: Homens com baixo nível de testosterona correm maior risco de morrer por Covid-19
Tamires Ferreira
Estudo: Homens com baixo nível de testosterona correm maior risco de morrer por Covid-19

Um estudo, realizado em Milão, na Itália, durante a primeira onda de coronavírus em 2020, descobriu que homens com baixo nível de testosterona têm maior probabilidade de desenvolver de forma grave a Covid-19 e morrer em decorrência da doença.

De acordo com o Medical Xpress, as descobertas estão sendo apresentadas no congresso da European Association of Urology, EAU21, que acontece nesta semana, de 8 a 12 de julho. Segundo os dados, quanto mais baixa a testosterona, maior o risco deles necessitarem de cuidados intensivos, serem intubados e permanecerem no hospital por um período mais longo, sendo a probabilidade de morrer até seis vezes maior.

A equipe comparou 286 pacientes masculinos com Covid-19 a 305 voluntários saudáveis.  A testosterona é medida em nanomoles por litro e 9,2 – ou menos – é considerado o limite para níveis baixos.

Quase 90% dos pacientes com Covid -19 tinham testosterona abaixo desse nível, em comparação com apenas 17% dos voluntários saudáveis. Além disso, os níveis de testosterona nos pacientes também estavam significativamente abaixo do limite, com média em torno de 2,5.

Pacientes com sintomas leves- sendo alguns internados – tinham níveis de testosterona mais elevados e aceitáveis, enquanto os que precisaram ir para UTI e morreram tinham níveis abaixo do limite esperado.

“No início da pandemia Covid, víamos muito mais homens do que mulheres indo ao hospital e sofrendo de formas muito graves da doença. Imediatamente pensamos que isso poderia estar relacionado aos níveis de hormônios masculinos, particularmente testosterona. Mas nunca esperamos ver uma proporção tão alta de pacientes com Covid com esses níveis extremamente baixos de testosterona, em comparação com um grupo semelhante de homens saudáveis. A relação é muito clara: quanto mais baixa a testosterona, maior a gravidade da doença e probabilidade de morte. Nunca vi nada parecido em meus 25 anos no campo”, disse a professora especialista em urologia e endocrinologia do Hospital San Raffaele e autora do estudo, Andrea Salonia.

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A equipe não soube dizer se os níveis baixos eram decorrentes da doença ou se antes de contraírem o vírus o grau de testosterona já era baixo. Entretanto, outros estudos já apontaram que existe ligação entre os receptores do vírus, como a enzima TMPRSS2, e hormônios masculinos, podendo sim diminuir a produção de testosterona.

“Simplesmente não temos dados para saber o que veio primeiro nesses pacientes, os baixos níveis de testosterona ou a Covid. A testosterona desempenha um papel na proteção dos homens contra doenças. No entanto, também é possível que o próprio vírus seja capaz de induzir uma redução aguda nos níveis de testosterona, o que predispõe esses homens a um desfecho pior. Agora estamos acompanhando esses pacientes durante um período mais longo, para ver como seus níveis de hormônio mudam com o tempo para que possamos tentar responder a essas perguntas”, concluiu a professora.

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