Uma pesquisa divulgada na última sexta-feira (16) pela ONG Visão Mundial apontou que apenas 40% das crianças entre 7 e 11 anos que vivem em comunidades vulneráveis e estão matriculadas na rede pública de ensino se protegem da Covid-19.
De acordo com informações da Agência Brasil, a pesquisa, chamada “A Voz dos Alunos” identificou ainda que dentre esses 40%, apenas quatro medidas de proteção são exercidas, sendo elas o distanciamento social, uso de máscara, utilização de álcool gel e utilização de produtos de limpeza. Outras 28% relataram adotar apenas uma dessas medidas.
Os dados também indicaram que 8% das crianças ouvidas convivem com conflitos familiares e que isso prejudica os estudos. A maior incidência dos problemas foi observada entre crianças negras. Outro dado preocupante é o pouco acesso que as famílias têm a produtos de limpeza e higiene.
O levantamento foi feito entre março e abril deste ano e abrangeu nove estados e os municípios de Anori (AM), Boa Vista, Camaçari (BA), Caraúbas (RN), Contagem (MG), Fortaleza, Jaboatão dos Guararapes (PE), Manacapuru (AM), Manaus, Nova Iguaçu (RJ), Olinda (PE), Recife, Rio de Janeiro (RJ), Salvador e São Luís.
Para a ONG, crianças ainda não haviam sido ouvidas após a chegada da pandemia e é de extrema necessidade também entender esse grupo, já que elas também foram diretamente afetadas pela crise pandêmica global.
“Escutá-las nos dará uma dimensão sobre o impacto da pandemia e ajudará os governos a elaborarem as estratégias necessárias para apoiá-las”, avalia o coordenador de Advocacy da Visão Mundial, Reginaldo Silva.
Segundo a organização, 688 crianças foram ouvidas e questionadas sobre as dificuldades enfrentadas por elas durante a pandemia. Cerca de 58% relataram dificuldade no acesso à internet para assistir às aulas, e 34% disseram enfrentar problemas com relação a materiais escolares.
Sobre o retorno às aulas presenciais, 45% delas se preocupam em se contaminar com o novo coronavírus e também sentem receio em não conseguir mais acompanhar os conteúdos da escola.
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“Dentre as crianças ouvidas, cerca de 60% relataram que necessitam do apoio da escola para proteção pessoal contra uma possível contaminação com o vírus e necessitam de materiais escolares para uso diário”, apontou o levantamento.
Baseando-se nos dados levantados, a ONG ressalta a importância de investimento em educação e também no apoio às famílias. Ainda segundo o coordenador da organização, é preciso “criar ferramentas que deem subsídios para que elas [as crianças] possam assumir protagonismo na transformação das suas realidades e de suas comunidades”.
“Esse processo começa escutando cada uma delas e garantindo que as mesmas tenham acesso à educação de qualidade”, complementa.
Como conclusão, a pesquisa recomenda que “professoras e professores intensifiquem o acompanhamento das crianças, para buscar e garantir que não aumente a evasão escolar e para que as crianças voltem a se reconhecerem dentro ambiente da escola. É urgente garantir condições de saúde, segurança e de prevenção contra o coronavírus, e isso inclui a disponibilização de itens de higiene e limpeza, o distanciamento social e o uso adequado de máscaras.”