Em meio ao avanço da variante Delta, que já responde por mais da metade dos casos de Covid-19 no estado, a rede pública fluminense começa a sentir os efeitos da aceleração no contágio — especialistas afirmam que a nova cepa se alastra com mais facilidade. Neste domingo, segundo o painel epidemiológico do governo estadual, quatro cidades não tinham nenhum leito de emergência para coronavírus disponível: Belford Roxo, na Baixada Fluminense, além de Bom Jesus de Itabapoana, Miracema e Cantagalo, todas no interior.
Nesta segunda-feira, com a saída de Belford Roxo e a entrada de três novas cidades na lista, o número aumentou 50%, chegando a seis: Itaguaí, na Região Metropolitana; Itaperuna, no Noroeste Fluminense; e Nova Friburgo, na Região Serrana.
Entre as 92 cidades do Rio, mais da metade (50) não conta com leitos de urgência exclusivos para a Covid-19 e utilizam vagas disponíveis nas redes mais próximas. Assim, é possível afirmar que um a cada sete municípios fluminenses — sete dos 42 totais — que conta com vagas dedicadas apenas ao coronavírus já não tem mais espaço para acolher pacientes.
Há, ainda, outras três cidades no estado com ocupação acima de 90% nas vagas de emergência para pacientes com coronavírus: Duque de Caxias (91%), na Baixada Fluminense; Teresópolis (94%), na Região Serrana; e a capital, com 95% dos leitos em uso. Os dados do painel epidemiológico consideram a soma das vagas de toda a rede pública em cada localidade, sejam de caráter federal, estadual ou municipal.
O aumento nos casos também aparece em outros números divulgados diariamente pela Secretaria estadual de Saúde (SES). Nesta segunda-feira, foram confirmados 2.418 novos pacientes com Covid-19 em território fluminense. Esse índice corresponde a mais do que o dobro dos 1.202 casos computados na segunda-feira anterior. Vale lembrar que o primeiro dia da semana costuma trazer uma oscilação artificial nas estatísticas por conta de represamentos ocorridos durante o fim de semana.
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Em meio a esse cenário, a SES abriu 20 novos leitos para pacientes com Covid-19 no Hospital estadual Doutor Ricardo Cruz (HERCruz), unidade exclusiva para atendimento de coronavírus em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A pasta afirma ainda que já há um processo em curso de chamamento público para a abertura de mais 150 leitos na rede privada. A previsão é que o edital seja publicado em 15 dias.
Na cidade do Rio, foram reabertos 60 leitos da rede municipal para suprir a demanda. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, novos leitos da rede federal também foram abertos devido ao aumento nos casos.
Intercambialidade vacinal
Apostando na vacinação para evitar uma piora ainda mais acentuada no panorama, a Secretaria estadual de Saúde (SES) publicou, nesta segunda-feira, uma nota técnica que autoriza o uso de segunda dose do imunizante da Pfizer em pessoas que receberam a primeira da AstraZeneca. A pasta frisou, porém, que a chamada intercambialidade só poderá ser colocada em prática "caso o estado do Rio de Janeiro não receba doses do imunizante Oxford/AstraZeneca em quantidade suficiente para completar o esquema vacinal de quem já recebeu a primeira dose".
A prática já havia sido autorizada pelo Ministério da Saúde (MS) no fim da última semana, também por meio de uma nota técnica. Assim como o órgão estadual, o ministério também pontuou que a medida só deve ser adotada se houver indisponibilidade de doses da AstraZeneca, que está com o estoque em baixa em várias cidades e estados do país.
De acordo com a SES, cerca de um terço das 700 mil doses de vacina distribuídas aos municípios no último fim de semana eram da Oxford/AstraZeneca. Ainda segundo a pasta, as 233 mil unidades do imunizante tinham como destino exclusivamente a segunda aplicação. "A SES ressalta que todas as doses de vacina enviadas pelo Ministério da Saúde ao estado são imediatamente disponibilizadas aos municípios", diz o texto enviado pela secretaria.
A SES afirmou ainda que a decisão de liberar a intercambialidade nesses casos específicos "foi tomada em conjunto com a equipe de especialistas do Conselho de Análise Epidemiológica que assessora a vigilância estadual". "A SES reforça que a intercambialidade do imunizante só deve ser realizada pelos municípios caso ocorra de fato a falta da vacina Oxford/AstraZeneca", ressaltou a pasta.