O Ministério da Saúde estima que serão necessárias de 179,6 milhões a 391,7 milhões de vacinas contra a Covid-19 para o próximo ano. A projeção, que consta em documentos enviados à CPI da Covid, varia porque a pasta considera três cenários distintos: o menor deles apenas com doses adicionais, para pessoas a partir de 12 anos, e o maior considerando o atual esquema, de duas doses por pessoa mais o reforço para pessoas de pelo menos 60 anos.
Uma opção intermediária considera atender a população de 12 a 59 anos com dose de reforço, além de uma dose semestral em pessoas a partir de 60 anos. Para suprir parte da demanda, a pasta negocia de 100 a 150 milhões de doses com a Pfizer, mostra o documento. Outras 134,1 milhões devem sobrar neste ciclo de vacinação das 207,8 milhões que foram contratadas e já estão incluídas na previsão.
Como mostrou O GLOBO, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou ter capacidade para oferecer até 180 milhões de doses em 2022. O orçamento utrapassa R$ 27 bilhões, mas só R$ 3,9 bilhões estão reservados. Ainda não há detalhes sobre o cronograma de entrega e como a vacinação se dará no próximo ano.
O ministério, por sua vez, não tem planos de continuar com a CoronaVac. As justificativas da pasta são de que o imunizante, produzido pelo Instituto Butantan, não tem aval definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que a eficácia é menor em idosos a partir de 80 anos.
"A razão sobre a possível descontinuidade da vacina Coronavac no ano de 2022 está diretamente relacionada com condição de sua avaliação pela ANVISA. Até o presente momento a autorização é temporária de uso emergencial, que foi concedida para minimizar, da forma mais rápida possível, os impactos da doença no território nacional. Além do fato de estudos demonstrarem a baixa efetividade do imunizante em população acima de 80 anos", diz o documento.
O fato dessa vacina não dever ser usada como reforço, conforme orientação da Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 (Cetai), também pesou para a decisão. O Butantan não está na mira para novos contratos.
Na última terça-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, abriu a possibilidade de que a Coronavac faça parte do ciclo de vacinação de 2022 caso receja o registro de uso definitivo da Anvisa.