O professor de Pediatria da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Ricardo Gurgel foi informado nesta quinta-feira (28) de que não tomaria posse como coordenador do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O médico, que chegou a ser nomeado em 6 de outubro , chegou a Brasília na última quarta-feira (27) e foi ao Ministério da Saúde para perguntar sobre sua posse nesta manhã.
Segundo o médico, a decisão de vir à capital foi tomada por conta própria, uma vez que, desde a nomeação, não houve contato para comparecer à cidade para tomar assumir o cargo. Gurgel voltará para Aracaju nesta sexta-feira (29). O PNI está sem titular desde a saída de Francieli Fantinato do cargo, em junho. O caso foi noticiado pela CNN
e confirmado pelo GLOBO.
"Eu vim para ver se tinha posse e foi dito que eu não teria posse. Estava esgotando o tempo da nomeação, que são 30 dias, como não tinha sido chamado, apesar de ter feito o contato, decidi vir. Preciso dar um encaminhamento para minha vida", explicou ao Globo.
O professor relata que Gerson Pereira, então substituto do secretário de Vigilância à Saúde, disse a ele que "não tomaria posse", sem detalhar. Gurgel afirmou à reportagem que acredita que Queiroga saiba da decisão, mas que não falou com o ministro. O médico foi convidado pelo próprio gestor da pasta para assumir o cargo.
"Eu quero voltar para o meu trabalho. Eu quero que o PNI seja resgatado para o que ele sempre foi. É um patrimônio brasileiro e precisa ser resgatado. Tem pessoas muita boas lá que precisam de apoio para trabalhar", afirmou o médico.
Questionado se tomaria posse caso fosse convocado, Gurgel disse que não acredita que isso aconteça, mas afirmou que não sabe que decisão tomará.
Desde que seu nome veio a público, Gurgel deu declarações que vão na contramão do que defende o governo. No mesmo dia em que foi nomeado, o médico, que é especialista na área, defendeu a vacinação de adolescentes contra a Covid-19. Além disso, afirmou que era contra a utilização do "kit Covid", com medicamentos comprovadamente ineficazes para combater a doença.
A nomeação dele veio mais de três meses após a então coordenadora, Francieli Fantinato, colocar o cargo à disposição. A enfermeira não teria suportado à pressão causada pela CPI da Covid no Senado.
A comissão investigou a servidora de carreira da pasta e quebrou seus sigilos telefônico e telemático. Após prestar depoimento, Fantinato passou da condição de investigada para a de testemunha, por causa dos esclarecimentos dados aos senadores.
Antes de Gurgel ser nomeado, a servidora Adriana Regina Farias Pontes Lucena ocupava a coordenação como substituta. Segundo apurou O GLOBO, ela não queria assumir o cargo em definitivo. Outros nomes procurados também teriam declinado o convite.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do ministério informou que não tinha conhecimento da informação.