A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recentemente aprovou um novo tipo de tratamento para câncer de pulmão inicial. Desenvolvido pela farmacêutica Roche, o atezolizumabe é a primeira imunoterapia indicada para esse estágio da doença, que estava sem inovação há 16 anos.
A droga já está disponível no Brasil para o tratamento de câncer de pulmão avançado, entre outras indicações. — É uma imunoterapia reconhecidamente eficaz, que já vem sendo usada para pacientes com metástase e que fez uma grande diferença no tratamento do câncer de pulmão. Geralmente, na oncologia, esse é o curso dos tratamentos. Começam na doença avançada e depois entra como adjuvante para diminuir a chance de a doença voltar — explica Clarissa Baldotto, diretora executiva do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica e oncologista clínica da Rede D’or do Rio de Janeiro.
O novo tratamento é indicado para pessoas com pessoas com câncer de pulmão não pequenas células, que é o tipo mais prevalente, sendo responsável por 85% dos casos. Além disso, os pacientes elegíveis ao tratamento precisam apresentar o biomarcador PD-L1, que também está presente na maior parte deles. A presença desse marcador aumenta a chance de resposta à imunoterapia.
O atual padrão de tratamento de câncer de pulmão inicial é a cirurgia para remoção do tumor, seguida da quimioterapia. A imunoterapia, se une a esses dois pilares, estimulando o sistema imunológico do próprio paciente a combater o tumor.
O estudo que levou à nova aprovação do medicamento mostrou que seu uso, associado a quimioterapia após cirurgia reduziu, de forma inédita, o risco de recorrência da doença ou morte, em 34% dos pacientes. O que significa ganhar mais tempo de vida. Segundo Baldotto, o câncer de pulmão é um tumor muito agressivo.
"Mesmo nos pacientes com doença inicial, o índice de recidiva é muito alto. Essa aprovação tem como objetivo aumentar as chances do controle da doença", diz a médica.
Alta letalidade
A chegada do remédio ganha força pela alta letalidade do câncer pulmonar. Cerca de 25% das mortes ocasionadas por câncer em geral são causadas por tumores no órgão. O câncer de pulmão é uma das principais causas de morte em todo o mundo. A cada ano, 1,8 milhão de pessoas morrem em consequência da doença. São quase 30 mil apenas no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse o câncer de pulmão é o que ocasiona mais mortes de homens no país e o segundo mais letal entre as mulheres, atrás somente dos tumores de mama.
Além da agressividade, um dos motivos da alta letalidade é porque o diagnóstico costuma ser tardio. Em geral, a doença é silenciosa. Quando eles aparecem — como tosse persistente, catarro com sangue e falta de ar — a doença já está avançada ou sofreu metástase. Para piorar, até pouco tempo atrás, não haviam muitas terapias efetivas.
Isso vem melhorando a cada ano, com o surgimento de terapias-alvo e da imunoterapia. A principal causa de câncer no pulmão é o tabagismo. Portanto, não fumar e não ficar próximo de quem fuma é o principal método para evitar a doença.